16 de fevereiro de 2010

As relações constroem-se como peças de um puzzle


Vivemos na época do descartável. E do imediato. E colamos de tal modo estes conceitos ao nosso dia-a-dia que deixámos de dar valor ao que temos. Não funciona, substitui-se por outro. E de preferência já. O pior é que damos o mesmo tratamento aos sentimentos, às emoções, ao amor. Temos tudo tão facilitado, é tão simples conseguirmos as coisas, que estamos a esquecer-nos do que é desejar, «perder tempo» a conseguir, sentir que se está quase lá...e por fim a satisfação de termos vencido uma batalha que nos consumiu esforço e energia, que nos exigiu investimento. É também assim naquilo a que chamamos as relações amorosas. Olhamos, queremos e temos. às vezes no espaço de poucas horas. Ao entusiasmo inicial segue-se muitas vezes um imenso vazio. Porque as relações constroem-se como peças de um puzzle. Ou de um lego. É preciso ver o que encaixa melhor, onde se deve por a peça seguinte para que a construção não desmorone e no final tudo faça sentido. Temos de investir tempo, esforço, energia e amor nas nossas relações. O que é muito difícil nos dias de hoje. Porque andamos a correr, porque as oportunidades podem desaparecer tão rapidamente como surgiram, porque é fácil «substituir», porque não vemos razão para ter trabalho a manter alguma coisa que não nos custou a conseguir. Se calhar, os grandes amores, aqueles que nos fazem suspirar, que deram origem a grandes romances, só são possíveis porque...são impossíveis. Só quando não podemos ter é que percebemos que esse desejo de «ter» nos vai acompanhar toda a vida. A menos que lutemos pelo que queremos. Há amores contrariados, censurados, proibidos. Que perduram, talvez porque foram cimentados pela luta contra obstáculos quase intransponíveis.

Fonte: Noticias Magazine, por Sofia Barrocas.

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