Receio a morte...

Responde Epicuro
" É estúpido afligir-se por a morte nos esperar, pois trata-se de algo que, depois de chegar, já não nos pode fazer mal. Habitue-se a pensar que a morte não é nada: enquanto estamos vivos, não faz parte dos nossos desígnios; quando estamos mortos, já deixamos de existir. Estúpido é aquele que declara recear a morte, não por ser assustadora quando chega, mas por ser assustador esperá-la."

Tão irrefutável consideração foi exposta pelo filósofo grego Epicuro  (341-270 a.C.) aos seus discípulos na Ágora para que estes pudessem libertar-se desse "medo irracional". E acrescentou:
-" O conhecimento do facto de que a morte nada é permite-nos usufruir melhor da vida."

Esta filosofia optimista e cheia de vitalidade converteu Epicuro no "pai" do hedonismo, a doutrina do prazer e da alegria de viver, simultaneamente materialista (ignorando os deuses, Epicuro só acreditava em átomos a organizarem-se no vácuo) e eudemonista (a existência reduz-se exclusivamente a uma busca equilibrada e razoável da felicidade terrestre). A vida do próprio filósofo foi simples e frugal. O adjectivo "epicurista", derivado do seu nome, refere-se actualmente ( na sequência de uma utilização abusiva do vocábulo) à pessoa que só pensa no prazer.
in SuperInteressante/Portugal