14 de agosto de 2010

Uns dormem, outros não!

Estudo publicado na «Current Biology»


Já há quem diga que uma boa noite de sono é meio sustento. Mas, como conseguem algumas pessoas adormecer em qualquer circunstância ou local, enquanto outras se mantêm acordadas ou estremecem se ouvirem um barulho durante a noite? Um estudo publicado na edição deste mês da «Current Biology», na publicação Cell Press, explica como se apresentam diferentes padrões de ritmos cerebrais espontâneos.
“Ao medir as ondas cerebrais durante o sono, podemos aprender muito sobre o quanto o cérebro de determinada pessoa pode bloquear os efeitos negativos dos sons; quanto mais rotações ou eixos do sono o cérebro produz, mais provável será manter-se adormecido, mesmo quando confrontado com ruído”, assinalou Jeffrey Ellenbogen, da Harvard Medical School (EUA).

Durante o sono, as ondas cerebrais tornam-se lentas e organizadas, continuou Ellenbogen. As ligações do sono referem-se a rápidas pequenas explosões de ondas de frequência. Estas explosões de actividade são gerados por uma parte do cérebro chamada tálamo, que funciona como uma via para a maioria dos tipos de informação sensorial (excepto o olfacto).

"O tálamo é capaz de impedir a informação sensorial de chegar a áreas do cérebro que se apercebem e reagem ao som," disse Ellenbogen. “O estudo fornece evidências de que o eixo do sono é um marcador de bloqueio. Quanto mais ligações houverem, mais estável será o sono”.

O investigador e os seus colegas foram surpreendidos pela magnitude do efeito das ondas cerebrais durante o sono. Observaram padrões cerebrais quando analisavam um grupo de participantes, durante três noites em laboratório, enquanto dormiam.

Na primeira noite, não houve barulho, já a segunda e terceira foram bastante ruidosas porque os cientistas provocaram uma série de sons, tais como, telefones a tocar, conversa de pessoas, sons mecânicos, entre outros. “O efeito das ondas cerebrais do sono foi tão acentuado que se conseguiu perceber após a primeira noite”, disse. Os investigadores esperam encontrar formas de melhorar os ‘fusos’ do sono, através de técnicas comportamentais, fármacos ou aparelhos, mas ainda não têm claro como fazê-lo.

Solução de base cerebral


Ellenbogen avançou que estes avanços são especialmente bem-vindos, nos dias que correm, já que os ambientes onde dormimos são cada vez mais complexos e problemáticos, com sinais sonoros e pelo facto de vivermos 24horas e sete dias cheios de azáfama, a que nos sujeita a vida moderna. “O objectivo é encontrar uma solução de base cerebral que integre o sono de determinada pessoa dentro do seu ambiente moderno, tal como conseguir mantê-lo perante diferentes ruídos”, acrescenta.

O investigador vislumbra agora um futuro com acesso a múltiplas estratégias, com base na ciência do sono profundo e tecnologias, para ajudar a manter-nos adormecidos quando queremos dormir e despertar quando é hora de levantar. Entretanto, pode-se sempre afixar um cartaz na porta, que diga: “Silêncio!”

Um dos conselhos deixados por Ellenbogen, para quem precisa de adormecer com a televisão ou rádio ligados, é sintonizar o ‘timer’ para que se desliguem instantaneamente. “O barulho interrompe o sono e desequilibra-o, mesmo sem que nos apercebamos”, conclui.
in,CiênciaHoje

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