11 de abril de 2011

VAIDOSO e CRETINO

 Estamos cercados de Cretinos com poder, os que ainda não alcançaram esse poder, em tempo de eleições, entregam a alma ao diabo para alcançarem um lugar ao sol. Isto não me espanta, o que me deixa perplexo ou talvez não, é haver tanto 'idiota' em especial no mundo do 'espectáculo' (onde era suposto haver só inteligentes) que alimentam os indígenas em comícios com comportamentos estúpidos de autênticos vendedores de banha-da-cobra.
O artigo a que dou destaque no meu blogue, foi publicado no Expresso pela mão de Daniel Oliveira.

Uma vez mais, deitar-me-ei todas as noites de consciência tranquila porque não alimentei estes Vampiros, nem agora, nem no passado ( isto é facilmente comprovado verificando os cadernos eleitorais). Das poucas vezes que exerci o acto de votar nunca o fiz no PS, PSD ou CDS e nunca em oportunistas como V. Exa. Sr. Doutor Nobre; primeiro, porque sou anormal; segundo, porque sou da plebe e terceiro, "não tenho minha alma à venda" embora quase todos os humanos (???) tenham um preço.



Fernando Nobre vai ser cabeça de lista do PSD no circulo de Lisboa
Contra um homem de convicções - mesmo que não sejam as minhas - como Ferro Rodrigues, o PSD aposta num ziguezagueante populista. O ex-candidato estava no mercado e Passos Coelho pagou o preço que lhe foi pedido: dar-lhe a presidência da Assembleia da República. As contas foram de merceeiro: Nobre vale 600 mil votos. Errado. Se os votos presidenciais nunca são transferíveis para legislativas, isso é ainda mais evidente neste caso. 

Todas as vantagens competitivas de Nobre desapareceram quando ele aceitou este lugar.

O PSD vai perder mais do que ganha. 
 Porque este convite soa a puro oportunismo. Porque quando Fernando Nobre começar a falar o PSD vai ter de se virar do avesso para limitar os danos. Porque a esmagadora maioria dos eleitores de Nobre nem com um revólver apontado à cabeça votará em Passos Coelho. Porque ele afastará eleitorado que desconfia de gente com tanta ginástica política.
Quem também não fica bem na fotografia é Mário Soares, que, na última campanha, por ressentimento pessoal, alimentou esta candidatura. Fica claro a quem ela serviu. Agora veio o agradecimento.
Quanto a Fernando Nobre, é tudo muito banal e triste. Depois da campanha que fez, este é o desfecho lógico. Candidatos anti-partidos, que tratam todos os eleitos como suspeitos de crimes contra a Pátria - ainda não me esqueci quando responsabilizou Francisco Lopes pelo actual estado de coisas, apenas porque é deputado - e que julgam que, por não terem nunca assumido responsabilidades políticas, têm uma qualquer superioridade moral sobre os restantes acabam sempre nisto.  
 A chave que usam para abrir a porta da sala de estar do sistema é o discurso contra o sistema. Não querem "tachos", dizem eles, certos de que todos os eleitos apenas procuram proveitos próprios. Eles são diferentes. Depois entram no sistema para mudar o sistema, explicam. E depois ficam lá, até vir o próximo com o mesmo discurso apontar-lhes o dedo.  

É tudo tão antigo que só espanta como tanta gente vai caindo na mesma esparrela.
Quem tem um discurso sem programa, sem ideologia, sem posicionamento político claro e resume a sua intervenção ao elogio da sua inexperiência política tem sempre um problema: só é diferente até perder a virgindade. E quando a perde fica um enorme vazio. Porque não havia lá mais nada. Porque a política não se faz de bons sentimentos, faz-se de ideias, projectos e programas políticos. Ideias, projectos e programas que resultam do pensamento acumulado pela experiência de gerações, que se vai apurando no confronto e na tentativa e erro. A tudo isto chamamos ideologias. Quem despreza a ideologia despreza o pensamento. Quem despreza o pensamento despreza a política. 
 Quem despreza a política dificilmente pode agir nela com coerência e dignidade.
Para além do discurso contra os políticos, este político teve outra bandeira: as suas preocupações sociais. Nada com conteúdo. Para ele bastava mostrar o seu currículo de activista humanitário.
 
E a quem aceita ele entregar a sua virginal e bondosa alma? Ao candidato a primeiro-ministro mais selvaticamente liberal que este País já conheceu.

  Não sou dos que acham que toda a gente tem um preço. Mas ficámos a saber qual é o de Fernando Nobre: um lugar com a dimensão da sua própria vaidade.
Tudo isto tem uma vantagem: é uma excelente lição de política para muita gente. Quem diz que não é de esquerda nem de direita, quem tem apenas a sua suposta superioridade moral como programa e quem entra no combate político desprezando quem há muito o faz nunca é de confiança. Um dia terão que se decidir. E Nobre decidiu-se: escolheu a direita ultraliberal em troca das honras de um lugar no Estado.  

Na hora da compra, os vaidosos têm uma vantagem: saem mais baratos. 
Não precisam de bons salários ou de negócios.  
Basta dar-lhes um trono e a sensação de que são importantes. Vendem a alma por isso.

Portugal Amarrotado

Sem comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...