21 de agosto de 2011

Afinal, porque não quer Cavaco Silva o limite ao endividamento do Estado na Constituição?

A resposta ao que está por detrás da objecção de Cavaco Silva é simples, e os seus motivos e fins, tal como o conhecemos e ao seu percurso político de há 25 anos a esta parte, são ainda mais transparentes.
Vejamos:
Em 1974 a dívida pública portuguesa era pouco mais de 10% do PIB português, para hoje, volvidos meros 37 anos, ser já superior a 100% e virá a atingir até ao final de 2012 mais de 200% do mesmo PIB, após o recebimento do empréstimo da Troika e FMI para o resgate financeiro a Portugal.
Cavaco Silva faz parte da geração de políticos e democratas, nos quais se incluem, Mário Soares, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes, Freitas do Amaral, José Sócrates, Passos Coelho e Paulo Portas, entre muitos outros da direita à esquerda, que têm uma profunda aversão à democracia liberal, aos referendos populares e à democracia directa, e não aceitam, nem aceitaram nunca, o primado da democracia popular e o respeito pela soberania do povo. 


 Para todos eles, bem como para todo o demais espectro político crente e constituinte da vigente Constituição da República Portuguesa e do regime instaurado no pós-25 de Abril, bem à semelhança dos fascistas do Estado Novo, e nisto o Portugal político nunca mudou nada em grande parte no Século XX, o povo nada mais serve, qual burro de carga e meros pagantes de impostos, que não seja para aceitar calado e mudo o que as elites políticas, industriais e financeiras do país, entre si e na antecâmara dos bastidores, no âmbito das suas negociatas muito bem na sua real gana decidem, determinam e entre si retalham e distribuem. 
O povo, segunda a óptica destes iluminados, mas obscuros, democratas, é uma enorme maçada que não serve nem sequer para ser consultado em referendo das muitas escolhas que foram feitas à sua revelia, e na qual a entrada em 1986 na CEE ainda hoje a esmagadora maioria dos portugueses desconhecem, bem como os seus principais efeitos e consequências, e ao que nunca foi chamado, como devia, a pronunciar-se.
Após 37 anos da implantação da III República, com a alienação de um imenso território ultramarino, das Africas e das suas possessões até Timor, com essa desastrosa e traidora descolonização, com a alienação de quase 2/3 da reservas de ouro do Banco de Portugal, no equivalente a mais de 30 mil milhões de euros, da criação de uma escandalosa e inútil dívida pública externa real de bem mais de 300 mil milhões de euros, da dependência alimentar portuguesa ao estrangeiro, do desmantelamento de uma considerável parte do seu aparelho produtivo, de uma situação de taxa real de desemprego já hoje superior a 15%, e que não é superior em resultado da emigração, qual expulsão coerciva e forçada de centenas de milhares de portugueses nos últimos 10 anos, aos portugueses resta hoje saberem e sentirem bem na carne a capacidade destrutiva dos seus políticos e governantes da vigente democracia partidária e do atoleiro em que Portugal se encontra mergulhado, e sendo já hoje praticamente um país sem soberania nem independência. 
É este mesmo Presidente Cavaco Silva que nos últimos anos e perante o grave descalabro em que os Governos Sócrates iam mergulhando Portugal, achou e ainda hoje acha inconveniente que se faça uma auditoria a essa mesma imensa dívida pública.
Ora, Cavaco Silva mais não é do que a ponta do icebergue do imenso regime político-económico vigente, que odeia profundamente o seu povo, que o prefere entretido em futebóis, Fátima, vinho e outros demais vícios, inculto, estúpido, ressabiado, não cívico ou alheado da realidade do seu país e do estado da coisa pública.
Para Cavaco Silva e para os demais acólitos do regime político vigente, bem espelhado no espectro partidário com assento na Assembleia da República, o povo não serve nem para votar e muito menos para decidir os destinos de Portugal e, tal como Mário Soares uma dia disse, que só contavam os que votavam e os demais não faziam falta, Cavaco Silva acrescentou que quem não vota não tem direito a opinar.
Portanto e na boa tradição secreta, obscura, anti-democrática, tudo na melhor tradição social-fascista plebiscitária do regime e dos seus actores, hoje dessiminados pela vasta Administração Pública e em boa parte dos Órgãos de Soberania, os quais hoje já bem conhecemos e aos seus actos e respectivas consequências danosas, o povo não deve nem pode tomar parte na decisão relativa à dívida que o Estado Português contrai: serve é certo para a pagar com o seu sangue e o dos seus filhos, mas, decerto, não é parte nem no seu beneficio, nem na decisão ou na responsabilidade de quanto, como e a quem a mesma se destina efectivamente e dela tira, como tirou, real proveito.
Para Cavaco e para o regime vigente, o Estado, o Poder Político, as Leis e a Justiça, a Constituição da República, a Coisa e o Erário Públicos, são tudo coisas exclusivas e para benefício da elite político-partidária e financeira, e o Povo, esse servo da gleba, escravo e animal estúpido de carga, que se entretenha com a fome e a miséria, que são coisas que bem conhece desde que há História de Portugal há mais de 900 anos e com as quais seguramente vai ter de continuar a entreter-se se não tiver para onde fugir.

Por:  Eu acuso.

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