22 de julho de 2012

A Padronização da Mentalidade Individual

O actual paradigma da educação em Portugal e em muitos países ocidentais é formatar jovens sem capacidade de espírito critico ou de pensarem por si mesmos, que se limitam a regurgitar o que lhes foi transmitido nas escolas e universidades.
Educamos pessoas para aquilo que a economia “pede”, engenheiros que apenas pensam em números, dizemos que o país não precisa de filósofos ou poetas, esquecendo-nos que foram estes mesmos intelectuais que construíram os ideais de civilização e humanidade que caracterizam o mundo ocidental. A união europeia foi criada após décadas de conflito mundial e de caos económico, na base desta criação estavam ideais  e valores de união entre os países membros, que supostamente protegeriam a Europa de novos tormentos económicos, políticos e geográficos.  Cinquenta e cinco anos passaram desde o Tratado de Roma, no qual se assinou o futuro oficial da União Europeia e hoje em dia, toda a densa história europeia que ficou para trás pouco ou nada é recordada. Deixou de se ensinar ás crianças valores e de lhes encher o espírito com ideais de liberdade e de verdade, para passarmos a ensinar que é “cada um por si” e que na corrida da vida é atropelar alguém ou ser atropelado. A verdade dos nossos dias é definida por aquilo que cada um possui, um relógio caro, uma casa de férias, tudo para aparentarmos ser aquilo que os media dizem ser a definição de sucesso. O nosso exemplo de pessoas bem sucedidas é alguém rico e com dinheiro. Não louvamos a grandeza de espírito, a intelectualidade e a bondade, porque estas características não estão normalmente associadas ao dinheiro e como tal, não tem uma importância imediata para nós, somos uma sociedade que se deixou dominar por um niilismo cavalgante, em que não conseguimos encontrar o nosso lugar nem o sentido da vida. A classe política dos dias de hoje, lembra a conversa entre os irmãos Karamazov de Dostoiévski “Então se Deus está morto, tudo vale“, em que os políticos pensam que a crise económica já vergou as pessoas e que agora tudo vale para impor as medidas e planos que queiram.

Todos os dias nos “treinam” para uma rat-race infindável e que nunca terá fim, porque essa corrida simplesmente não tem vencedores, apenas jogadores. Assim se explicam as crescentes taxas de depressão e transtornos do foro mental. Somos uma sociedade perdida e vazia de valores.
A educação é crucial para despertarmos desta letargia em que nos fomos submergindo sem dar conta. Esta democracia das massas que nos vendem não é a verdadeira democracia, os cidadãos têm de ter um papel mais activo nas decisões do seu próprio país, mas esse papel não será dado pela classe política, esse papel tem de ser exigido pela população, uma vez que é nosso por direito, afinal os políticos governam para satisfazer a vontade do povo que os elegeu. Para esta democracia real funcionar, os cidadãos têm de estar informados, têm de ter uma educação verdadeira, uma capacidade de espírito crítico, de ousar pensar de uma maneira diferente dos outros, de questionar os dogmas sociais e políticos. Uma democracia verdadeira como a de Espinosa, “Em democracia, com efeito, ninguém transfere o seu direito natural para outrem a ponto de este nunca mais precisar de o consultar; transfere-o, sim, para a maioria do todo social, de que ele próprio faz parte e, nessa medida, todos continuam iguais, tal como acontecia anteriormente no estado de natureza”.
Ortega y Gasset usou o termo homem-massa, para definir alguém que não atribuía valor a si mesmo e que se contentava em ser igual e idêntico aos restantes indivíduos, como consequência de uma excessiva padronização dos comportamentos das massas sociais. Assim, como dizia o autor, este aglomerado de massas de indivíduos, que julgam ser individuais, não manifestam preocupação em discutir o trajecto político do seu país. Esta hiper democracia, como definida por Ortega y Gasset, garante que o crescente distanciamento dos assuntos políticos conduza a uma liderança pela demagogia e pela ignorância, como já aconteceu no passado.
Em 1848 Victor Hugo, membro do parlamento francês protestou contra os cortes orçamentais na cultura, argumentando que em nada resolveriam os problemas financeiros do país e acabariam com as bibliotecas, universidades e teatros – instituições sem as quais a população é deixada à mercê da estupidez e da ignorância. Salvámos os bancos que nos empurraram para esta situação deplorável e condenámos a cultura e a educação que foram quem nos deram os valores de igualdade e justiça e o verdadeiro conhecimento. A sociedade não está interessada em pessoas autónomas, criativas ou com capacidade de pensamento crítico, prefere formatar as pessoas de acordo com um standard, configurando a educação para esta padronização em massa.

Uma mudança de rumo, requer uma mudança de mentalidade, enquanto continuarmos a ter como heróis pessoas que simplesmente são ricas em vez de grandes pensadores e intelectuais que lutam pelos seus ideais, nada mudará nesta sociedade de massas, continuaremos a ser alvos fáceis para políticos demagogos que nos verão como ignorantes e facilmente convencíveis.

Por acampos in, artigo 19


19 de julho de 2012

A Servidão Moderna



  A Servidão Moderna é um livro e um documentário de cerca de 52 minutos produzidos de uma forma completamente independente. O livro, que vem acompanhado de um DVD, é distribuído gratuitamente em certos lugares alternativos em França e na América Latina.
  O Livro foi elaborado na Jamaica em Outubro de 2007 e o Documentário foi finalizado na Colômbia em Maio de 2009.
  O Livro está editado em Francês, Inglês e Espanhol. O Documentário foi elaborado a partir de imagens 'desviadas' essencialmente de filmes de ficção e documentários.

                                        "Toda a verdade passa por três estágios.
                                         No primeiro, ela é ridicularizada.
                                         No segundo,é rejeitada com violência.
                                         No terceiro, é aceite como evidente por si própria". 
Jean-François Brient

10 de julho de 2012

Este é o maior fracasso da democracia portuguesa


A Ditadura Democrática Portuguesa elimina os que pensam e promove os Burros.( peço desculpa ao animal, de que tenho muito carinho e admiração)  

Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, (Olá! camaradas Sócrates...Olá! Armando Vara...), que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido.





Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, em governação socialista, distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a "prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos.
Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora continua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido.

Para garantir que vai continuar burro o grande "cavallia" (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades.
Gente assim mal formada vai aceitar tudo, e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.

A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca.
Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.

Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros.

Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado.
Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.

Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.

Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.

Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituamo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.

E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.

Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?

Vale e Azevedo pagou por todos?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?
Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?

Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?

Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?

Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.

No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?

As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?

E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu? Alguns até arranjaram cargos em organismos da UE.

Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?

E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?
O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?

E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.

Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento.
Ninguém quer saber a verdade.

Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.

Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.

Este é o maior fracasso da democracia portuguesa



De: Clara Ferreira Alves / Expresso

5 de julho de 2012

O governo dos bancos, pelos bancos e para os bancos

A grande fome irlandesa de 1845 dizimou a população a tal ponto que jamais voltou a ser tão grande como então. Como a visão britânica dominante atribuía a catástrofe à preguiça e à inépcia dos nativos, os colonizadores rejeitaram os pedidos de ajuda argumentando que era preciso forçá-los a alterar atitudes culturais inadequadas.

Um século mais tarde, na Índia, os mesmos preconceitos voltaram a ser invocados pelos ingleses tanto para justificar a fome em Bengala como para recusar o auxílio massivo às populações afectadas. Neste como noutros casos, o sentimento de superioridade nacional apaziguou as consciências e disfarçou a desumanidade das atitudes. "Do que eles precisam não é de ajuda, mas de reformas."

Curiosamente, nem a Irlanda, nem a Índia, nem qualquer outro país voltou a padecer de fomes endémicas a partir do momento em que conquistou a independência e instalou um sistema democrático, provando que o problema não estava na carência de recursos, mas na sua distribuição. Definitivamente, a democracia não tolera a privação massiva.

Diz-se que toda a gente está interessada no desenvolvimento e que, por conseguinte, ninguém impõe por gosto políticas de austeridade que condenam as populações ao empobrecimento. "Ninguém deseja fazer mal às pessoas", eis a sonsa expressão que diariamente escutamos. Mas apenas os pobres necessitam de desenvolvimento; os ricos só precisam de criados.

... Sempre que possível, os executivos saídos de eleições são substituídos por outros liderados por algum economista com o selo de garantia do BCE, do Goldman Sachs, do Lehman Brothers, ou equivalente. No mínimo, as pastas da economia e das finanças deverão ser entregues a um legítimo representante da corporação.

A independência dos bancos centrais não pode ser absoluta e incondicional, sob pena de dar origem a um contrapoder inaceitável numa sociedade democrática bem formada. Mas os banqueiros centrais – uma casta divorciada do sentimento do cidadão comum – julgam-se hoje no direito de impor aos governos nacionais as suas políticas preferidas, declarando-as, ainda por cima, inquestionáveis.

... Quando o sistema financeiro se fecha sobre si próprio e se aliena da economia real, reclamando sangue, suor e lágrimas sem fim à vista, é caso para dizer-se que ele se tornou incompatível com a sobrevivência de uma economia de mercado sofisticada, orientada para a inovação, o emprego e o crescimento.

Por: João Pinto e Castro, Jornal de Negócios.
Para ler artigo completo:  http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=565771
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