5 de novembro de 2014

A CONSPIRAÇÃO DAS VACAS (2014)

"«Cowspiracy: The Sustainability Secret» é um documentário ambiental inovador que segue o intrépido cineasta Kip Andersen há medida que, como ele revela a indústria mais destrutiva que o planeta enfrenta hoje - e investiga porque as principais organizações ambientais do mundo estão com muito medo de falar sobre isso.
A agropecuária é a principal causa do desmatamento, consumo de água e poluição, é responsável por mais gases de efeito estufa do que o setor de transporte, e é o principal motor da destruição da floresta, extinção de espécies, perda de habitat, erosão do solo, de "zonas mortas" nos oceanos, e praticamente todos os outros problemas ambientais.
No entanto, ela continua, quase inteiramente sem contestação.
Á medida que Andersen confronta os líderes do movimento ambiental, ele descobre cada vez mais o que parece ser uma recusa intencional de discutir a questão da agricultura animal, enquanto denunciantes da indústria e "cães de guarda" o alertam dos riscos para a sua liberdade e até mesmo para a sua vida se ele se atrever a persistir.
Tão revelador como «Blackfish» e tão inspirador como «Uma Verdade Inconveniente», este documentário chocante e humorístico revela o impacto ambiental absolutamente devastador que a pecuária industrial em grande escala tem sobre o nosso planeta, e oferece um caminho para a sustentabilidade global para uma população crescente."


A Conspiração das Vacas (2014) LEGENDA PT from Cows Piracy on Vimeo.

27 de junho de 2014

Uma corja de idiotas entregou Portugal aos maiores bandidos que esta nação jamais enfrentou.

No dia da Republica o estandarte nacional lá foi içado de cabeça para baixo...
Sabendo o que significa em termos de simbologia militar não podemos deixar de achar que assim é que ele está bem ... a alertar quem o veja ao longe que o inimigo se encontra no país e que fomos invadidos.

Nem com a invasão dos espanhóis, nem com as invasões francesas que tudo saquearam e nem as igrejas pouparam, Portugal foi tão expropriado como  agora com a maior corja de canalhas que jamais invadiu a Terra Lusa.

                                              COMO TUDO COMEÇOU

 Proponho até que todos coloquemos bandeiras na varanda viradas de cabeça para baixo, desta vez não por um bacoco motivo futeboleiro, mas sim como forma de avisar a quem nos visite que de facto se encontra num país que perdeu a sua soberania ... e que não respondemos já perante a nossa Constituição nem o povo tem uma participação directa nos destinos do país.
Não podia ter acontecido em mais propositado momento este displicente deslize ...

A Bandeira nas mãos de Cavaco nas celebrações da Instauração da Republica, sendo içada ao contrário é a maior analogia visual a que alguém poderia assistir. 
Um momento solene, com um ramalhete representativo da importância do evento, de olhos colados e seguidores no ascender patético do emblema territorial e politico a esvoaçar de simbolismo militar, significante de pedido de socorro ou alerta.
Foi para mim o maior, e mais concreto acto politico praticado por Cavaco Silva, de sempre.
Como dá para perceber é na gafe que se sente bem e explana com primor a sua visão como Presidente... quer dizer, ainda não atingi bem aquela do "sorriso das vacas nos prados verdejantes", mas confesso que acredito agora existir nela uma mensagem subliminar que me escapava no passado.

 Das suas mãos, através de mais uma pérola do protocolo, saiu a maior enciclopédica metáfora ao estado actual do país. É para mim agora um tipo Einstein da politica, conseguindo resumir de tal forma a informação que a concentra numa minúscula equação de fácil entendimento para todos.

Cavaco explicou de forma simbólica como é seu apanágio, que Portugal de momento não é nosso ... e fê-lo no dia certo, na hora certa e com o mediatismo certo. Que mais se pode pedir a um homem que voluntariamente se candidatou para presidir a este país e o mesmo jurou defender. 

Não sendo normalmente muito lesto com as palavras criou um quadro visual daqueles que vale por mil discursos à nação, içando o estandarte como um pedido de socorro de fácil mensagem para que todos entendessem.


                                MAS, QUEM FOI OU QUEM É CAVACO? 
  Este é o artigo, que mais define o Presidente que temos. Quando tivemos um Primeiro Ministro assim, e voltamos a ter novamente esta figura no poder, como Presidente, que poderei pensar eu das cabeças que votam neste País.......
Porque ainda tenho memória! Quem ouvir Cavaco Silva e não o conhecer bem, ficará a pensar que está perante alguém que nada teve a ver com a situação catastrófica em que se encontra este país. Quem o ouvir e não o conhecer bem, ficará a pensar que está perante alguém que pode efectivamente ser a solução para um caminho diferente daquele até aqui seguido. Só que... Este senhor, ou sofre de amnésia, ou tem como adquirido que nós portugueses temos todos a memória curta, eu diria mesmo, muito curta.
Vejamos, então qual o contributo de Cavaco Silva para que as coisas estejam como estão e não de outra maneira:
Cavaco Silva foi ministro das finanças entre 1980 e 1981 no governo da AD. Foi primeiro-ministro de Portugal entre 1985 e 1995 (10 anos!!!). Cavaco Silva foi só a pessoa que mais tempo esteve na liderança do governo neste país desde o 25 de Abril. É presidente da República desde 2005 até hoje (5 anos) Por este histórico, logo se depreende que este senhor nada teve a ver com o estado actual do país.
Mas vejamos quais foram as marcas deixadas por Cavaco Silva nestes anos todos de andanças pelo poder:
Cavaco Silva enquanto primeiro-ministro alterou drasticamente as práticas na economia, nomeadamente reduzindo o intervencionismo do Estado, atribuindo um papel mais relevante à iniciativa privada e aos mecanismos de mercado.
Foi Cavaco Silva quem desferiu o primeiro ataque sobre o ensino “tendencialmente gratuito”.

Foi Cavaco Silva o pai do famoso MONSTRO com a criação de milhares de “jobs” para os “boys” do PPD/PSD e amigos.  Além de ter inserido outros milhares de “boys” a recibos verdes no aparelho do Estado,
Foi no “consulado Cavaquista” que começou a destruição do aparelho produtivo português. Em troca dos subsídios diários vindos da então CEE, começou a aniquilar as Pescas, a Agricultura e alguns sectores da Indústria. Ou seja: começou exactamente com Cavaco Silva a aniquilação dos nossos recursos e capacidades.
Durante o “consulado Cavaquista”, entravam em Portugal muitos milhões de euros diariamente como fundos estruturais da CEE. Pode-se afirmar que foram os tempos das “vacas gordas” em Portugal. Como foram aplicados esses fundos?
O que se investiu na saúde? E na educação? E na formação profissional?
Que reforma se fez na agricultura? O que foi feito para o desenvolvimento industrial?
A situação actual do país responde a tudo isto! NADA!
Mas então como foi gasto o dinheiro?
Simplesmente desbaratado sem rigor nem fiscalização pela incompetência do governo de Cavaco Silva.
Tal como eu, qualquer habitante do Vale do Ave, minimamente atento, sabe como muitos milhões vindos da CEE foram “surripiados” com a conivência do governo “Cavaquista”.
Basta lembrar que na época, o concelho de Felgueiras era o local em Portugal com mais Ferraris por metro quadrado.
Quando acabaram os subsídios da CEE, onde estava a modernização e o investimento das empresas? Nos carros topo de gama, nas casas de praia em Esposende, Ofir, etc. Etc.
Quanto às empresas... Essas faliram quase todas. Os trabalhadores - as vítimas habituais destas malabarices patronais - foram para o desemprego, os “chico-espertos” que desviaram o dinheiro continuaram por aí como se nada se tivesse passado.
Quem foi o responsável? Óbviamente, Cavaco Silva e os seus ministros!
Quanto à formação profissional... Talvez ainda possamos perguntar a Torres Couto como se fartou de ganhar dinheiro durante o governo Cavaquista, porque é que teve que ir a tribunal justificar o desaparecimento de milhões de contos de subsídios para formação profissional. Talvez lhe possamos perguntar: como, porquê e para quê, Cavaco Silva lhe “ofereceu” esse dinheiro.
Foi também o primeiro-ministro Cavaco Silva que em 1989 recusou conceder ao capitão de Abril, Salgueiro Maia, quando este já se encontrava bastante doente, uma pensão por “Serviços excepcionais e relevantes prestados ao país”, isto depois do conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República ter aprovado o parecer por unanimidade.
Mas foi o mesmo primeiro-ministro Cavaco Silva que em 1992, assinou os pedidos de reforma de 2 inspectores da polícia fascista PIDE/DGS, António Augusto Bernardo, último e derradeiro chefe da polícia política em Cabo Verde, e Óscar Cardoso,  um dos agentes que se barricaram na sede António Maria Cardoso e dispararam sobre a multidão que festejava a liberdade.
Curiosamente, Cavaco Silva, premiou os assassinos fascistas com a mesma reforma que havia negado ao capitão de Abril Salgueiro Maia, ou seja: por “serviços excepcionais ou relevantes prestados ao país".

Como tenho memória, lembro-me também que Cavaco Silva e o seu “amigo” e ministro Dias Loureiro foram os responsáveis por um dos episódios mais repressivos da democracia portuguesa. Quando um movimento de cidadãos, formado de forma espontânea, se juntou na Ponte 25 de Abril, num "buzinão" de bloqueio, em protesto pelo aumento incomportável das portagens. Dias Loureiro (esse mesmo do BPN e que está agora muito confortávelmente em Cabo Verde), com a concordância do chefe, Cavaco Silva, ordenou uma despropositada e desproporcional carga policial contra os manifestantes. Nessa carga policial “irracional”, foi disparado um tiro contra um jovem, que acabou por ficar tetraplégico.
Era assim nos tempos do “consulado Cavaquista”, resolvia-se tudo com a repressão policial. Foi assim na ponte, foi assim com os mineiros da Marinha Grande, foi assim com os estudantes nas galerias do Parlamento...
Foi ainda no reinado do primeiro-ministro Cavaco Silva, que o governo vetou a candidatura de José Saramago a um prémio literário europeu por considerar que o seu romance “O Evangelho segundo Jesus Cristo” era um ataque ao património religioso nacional.
Este veto levou José Saramago a abandonar o país para se instalar em Lanzarote, na Espanha, onde viveu até morrer. Considerou Saramago, que não poderia viver num país com censura.
Cavaco Silva foi o Presidente da República nos últimos 5 anos. Sendo ele o dono da famosa frase: “nunca tenho dúvidas e raramente me engano”, como é que deixou Portugal chegar até à situação em que se encontra?
Mais! Diz a sabedoria popular: “diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.”
Bem... Alguns dos ministros, amigos, apoiantes e financiadores das suas campanhas eleitorais não abonam nada a seu favor. Embora, na minha opinião, esta gente reflete exactamente a essência do Cavaquismo.
Oliveira e Costa - Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do governo Cavaquista entre 1985 e 1991. Ex presidente do famoso BPN.
A história deste fulano já é mais conhecida que os tremoços, nem vale a pena escrever mais nada.

Dias Loureiro - Ministro dos governos Cavaquistas. Assuntos Parlamentares entre1987 e 1991, Administração Interna entre1991 e 1995.
Associado aos crimes financeiros do BPN, com ligações ainda não clarificadas ao traficante de armas libanês, Abdul Rahman El-Assir, de quem é grande amigo.
Foi conselheiro de estado por nomeação directa de Cavaco Silva, função que ocupou com a “bênção” de Cavaco, até já não ser possível manter-se no lugar devido às pressões políticas e judiciais.
Encontra-se actualmente, muito confortavelmente a viver em Cabo Verde.

Ferreira do Amaral - Ministro dos governos Cavaquistas. Comércio e Turismo, entre 1985 e 1990, Obras Públicas, Transportes e Comunicações entre 1990 e 1995. Foi nesta condição (ministro das obras públicas do governo Cavaquista) que assinou os contratos de construção da Ponte Vasco da Gama com a Lusoponte, e a concessão (super-vantajosa para a Lusoponte) de 40 anos sobre as portagens das duas pontes de Lisboa.
Ferreira do Amaral é actualmente presidente do conselho de administração da Lusoponte. (Apenas por mera coincidência...)

Duarte Lima - Líder da bancada do PPD/PSD durante o Cavaquismo.
Envolvido em transacções monetárias “estranhas” no caso Lúcio Tomé Feteira.


Importante recordar a máfia utilizada a quando da legalização das Rádios Locais, onde projectos que poderiam incomodar o poder instalado, o próprio Cavaco, foram pura e sistematicamente eliminados ou relegados para lugares que não lhes traria a sobrevivência. Este foi um processo "case study" ao velho estilo da PIDE (Cavaco foi seu elemento) em que esbirros locais do PPD/PSD infiltrados nessas Rádios passavam informações aos seus 'donos', como foi o caso da Rádio O Ribatejo em Santarém, uma Rádio cujo corpo administrativo era suportado numa Sociedade por Quotas com o apoio na retaguarda de profissionais da Antena1 e da própria TSF (esta, uma rádio agora nas mãos da tirania). Na Rádio O Ribatejo um 'bufo' do PPD/PSD levava a informação ao seu padrinho, na altura Governador Civil de Santarém (nomeado por Cavaco, claro) possibilitando assim que na suposta Lei lhe fosse atribuída a quarta frequência (não elegível portanto). Assim um pouco por todo o país Cavaco silenciava os adversários, àqueles que por outros motivos não pôde silenciar de imediato a estratégia foi a de assimilação por grupos económicos da sua gentalha.


  Resta-nos agora não fazer ouvidos moucos, nem fechar os olhos perante a evidente invasão de que estamos a ser alvo e de forma concertada escorraçarmos o invasor e todos os seus vendidos comparsas.

Proponho portanto que todas as bandeiras portuguesas permaneçam em alerta marcial até que consigamos devolver a soberania ao nosso país, refazendo a Constituição e criminalizando os traidores. 


Uma Republica com 102 anos já tem mais do que idade para não se deixar invadir politica e economicamente sem dar o merecido troco ...

 A juntar a isto tudo (e que já não é pouco!), tenho ainda a opinião de que Cavaco Silva é demasiado inculto e arrogante. O que na minha opinião são atributos dispensáveis para um Presidente da República.
Por estas e por outras, e porque ainda tenho memória, jamais votaria em Cavaco Silva.

A eleição deste sr. e dos seus canalhas de partido só foi possível graças à imbecialização de uma grande fatia de portugueses que adora os seus carrascos de tão estúpidos que são.

Fontes e Textos de: http://www.jornalq.com/
                                      http://cantardasmiriades.blogspot.com/

em itálico negrito, do autor deste blogue.
 

15 de maio de 2014

O sistema partidário português (1)

                  1.      Um sistema hierarquizado e não democrático 

       Tentam convencer a plebe que são os partidos que sintetizam as diversas ideias políticas e que mediatizam toda a acção política, admitindo, contudo, que existam “independentes”, próximos de uns ou de outros, que se utilizam quando se pretende ostentar pontes com a sociedade.

      A sociedade, por seu turno é, pelos partidos, reconhecida como uma massa de ignorantes, tendencialmente expectante, que mais não tem que a sensibilidade animal de sentir na carne os efeitos da acção política. E à qual é concedida, benevolamente, de quatro em quatro anos o direito de manifestar através do voto, o produto do cruzamento da sua consciência difusa do que se passou no passado recente, com a propaganda e o enviezamento habitual dos media; sem contar com essas preciosidades, os entediantes tempos oficiais de antena.

     Há, de facto, uma separação entre os partidos e a multidão, real e reproduzida constantemente pela acção política tradicional e pela cultura emanada pelas classes dominantes. Essa reprodução pretende gerar a ideia da necessidade da existência de um escol de ungidos, sacrificados intérpretes dos sentimentos e necessidades do povo, esforçados perscrutadores da melhor forma de gerir e conciliar o económico, com o social, o cultural, etc. E, como essa síntese é, de facto, complicada, torna-se, logicamente, inacessível aos cérebros limitados dos trabalhadores, pelo que não cabe à plebe mais do que trabalhar, dedicar-se às suas respectivas vidinhas e delegar a acção política aos ungidos, inteligentes e cultos, os únicos capazes de gerir a coisa comum, quais sacerdotes especializados na intermediação entre um Bem Comum abstracto (e pouco comum) e cada um de nós, ignaros cidadãos.

     Modestamente, os ungidos sentem, por vezes a necessidade de consultar especialistas numa ou outra matéria, entendidos como técnicos competentes mas, eunucos políticos.

     Essa separação é, em suma, a expressão da estratificação social, baseada no domínio dos meios de produção por uns poucos, e da ausência desse domínio por parte da maioria da população. Essa visão é assumida totalmente pela classe política em geral, pelos detentores do poder político, como pelos seus “challengers”, na oposição. Resulta portanto, daqui, uma sociedade profundamente hierarquizada, nos campos político e económico, de facto não-democrática, como a teorizada, por exemplo, por Hobbes, no seu Leviathan.
    
        Porém, num processo gradual, vem-se afirmando no seio da multidão uma firme convicção, se não da inutilidade da classe política, pelo menos da sua incapacidade, do seu desinteresse pela gestão do bem comum, da sua imensa venalidade. E, essa convicção é acompanhada por um desejo transbordante de democracia, de exigência de qualidade, de transparência, de assunção da gestão dos assuntos comuns. Em concomitância, acentua-se a desconfiança e desprezo face aos titulares do poder, o desrespeito face aos sacerdotes da política.

      O capitalismo, naturalmente, apercebe-se dessa situação e trata de converter os líderes, os governantes, em produtos de moda, como sapatos, facilmente substituídos por produtos sucedâneos, na estação seguinte. Neste contexto, cada peça política é um bem de consumo não duradouro, rapidamente tornado obsoleto, programado para durar um período limitado.
           A volatilidade da duração dos agentes políticos tradicionais, da sua rápida rotação não deve ser encarada tanto como uma demonstração de verdadeira democracia mas, como uma necessidade da continuidade da democracia de mercado.  Como se costuma dizer, é preciso mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma ou, de modo mais popular, mudam as moscas...
 
     Na nossa experiência recente, veja-se como os elementos com maior protagonismo, aparecem e desaparecem em poucos anos, refugiando-se em confortáveis e precoces reformas ou cargos de boa paga, fornecidos pelo agradecido patronato. Alguns, poucos, conseguem reciclar-se, em novas funções, casos de Soares, Sampaio, Cavaco.

(continua)
 

O sistema partidário português (2)

                                 2.      Os partidos políticos portugueses
        Em Portugal, dada a pequenez e a relativa homogeneidade do país, tendo presente as características culturais da população, é estreita a oferta de partidos políticos, até porque a tradição histórica e as características da sociabilidade de hoje, não incitam à organização colectiva para a resolução dos problemas. Faltando reais diferenciações de ordem étnica, religiosa ou regional, subjaz um racismo larvar contra ciganos, africanos e imigrantes, a mancha totalitária, no mercado das ideologias desviantes, da sucursal vaticana em Portugal, a rivalidade estéril ou mesmo animalesca e fascista das claques do futebol.
     Assim, tomando como referência os partidos representados no Parlatório de São Bento, adiantam-se algumas das suas características, da direita para a esquerda.
         
     O CDS, ex-PP ou CDS/PP, conforme  a fracção dominante no seu interior representa a chamada direita dos negócios, anti-popular, elitista, católica ou mesmo fascista, pouco entusiasmada com a U E… excepto no que se refere à utilização dos fundos comunitários. Pretende representar os senhores de sempre, os “valores” (pátria, família, …), as hierarquias (forças armadas, patrões, …) e, nesse contexto, protagoniza uma força de antecipação, de vanguarda da burguesia autóctone, tentando influenciar a agenda dos partidos vocacionalmente mais presentes no aparelho de Estado. Assim, a sua influência real é superior à expressão eleitoral.
     Como expressão do reaccionarismo institucional mais vincado clama contra a chamada bagunça dos novos tempos, apresentando-se como disciplinador emérito, na imposição dos “bons costumes” através de leis duras e actividades policiais musculadas.
     Feroz arcanjo da iniciativa privada, evoca poder e benesses para empresas e empresários, pois os trabalhadores só excepcionalmente deixam de ser madraços e mais não merecem que políticas sociais vistas num plano de comiseração e de caridade. No capítulo da corrupção, tende mais a enquadrar corruptores que corrompidos pois só parcelar e episodicamente é detentor de poder no aparelho de Estado. Como é evidente, a utilização da palavra Centro no nome do partido é uma reminiscência dos anos setenta em que ninguém se assumia como de direita.
    
       A difusa amálgama PS/PSD, o Bloco Central dos analistas políticos e que Esquerda Desalinhada vem designando como Torres Gémeas, é o entulho que constitui o poder há mais de 37 anos, o espelho da total inépcia das camadas possidentes e dos possidónios lusitanos. 
    
      Engloba duas estruturas mafiosas que se entrelaçam, que se congraçam e que concorrem, precisamente porque em pouco diferem dos pontos de vista ideológicos ou de prática política. Uma é o PS, membro da família europeia dos partidos trabalhistas, socialistas, sociais-democratas e ex-comunistas, numa fotografia onde posam o famigerado Blair, os assassinos trabalhistas israelitas, os graves nórdicos e os ladrões das antigas “nomenklaturas” do Leste. A outra Torre Gémea, o PSD (PPD/PSD numa designação cara ao tonto Santana) é uma agremiação de direita, populista e defensora do projecto europeu, onde se acasala com congéneres tão recomendáveis como o corrupto Chirac, o Sarko(na)zy, a Forza Itália do afamado Berlusconi e lixo não reciclável similar. A NATO é um marco de referência para ambos os partidos embora o PS sorria mais para o partido democrata americano e o PSD prefira os republicanos, com tudo o que isso possa representar no capítulo das semelhanças (muitas) e de diferenças (poucas) entre ambos.
     A origem de cada uma das alas é diverso mas, ambos só ganharam existência real com o 25 de Abril. O PSD, como emanação de sectores liberais, quadros de empresa e da administração pública procedentes do bolor post-salazarista. O PS, baseado numa “intelligentsia” socializante, oposicionista e anti-comunista, dirigiu a aliança conservadora para a liquidação dos movimentos de massas de 1974/75 e apresentou-se como o elemento federador da normalização capitalista.
      Ambas as Torres (cada uma de per si ou aliadas) aspiram ao papel de PRI mexicano no que se refere à ocupação e hipertrofia da burocracia estatal, fazendo valer a sua importância, a sua autonomia, face a um empresariato luso sem grande valia no contexto da economia global, e na defensiva no seio da competição com o capital internacional, mormente com origem espanhola. Para essa ocupação ter algum papel positivo na acumulação capitalista nacional, à semelhança dos Partidos-Estado japonês ou sul-coreano, décadas atrás, falta-lhes quase tudo: competência técnica e política, enquadramento geopolítico e actualidade histórica. Porém, são ricos na arrogância e espírito cleptocrático, na exacta medida da atonia da multidão que os tolera.
    Um dos cenários onde a asfixia do papel do PS/PSD é mais notório situa-se no poder autárquico, peça importante da articulação entre os negócios imobiliários e o financiamento dos dois partidos, com tudo o que daí resulta de desordenamento territorial, especulação, compadrio, nepotismo, má qualidade das infraestruturas e ausência de preocupação ambiental, de gestão racional, transparente, etc...
     
     
    Como força política de implantação nacional, o execrável binómio pretende centrar a sua relevância como elemento imprescindível na articulação entre os meios dos negócios e o aparelho do Estado, no capítulo da gestão dos fundos comunitários e do orçamento. Defende o reforço do sector privado nas áreas vocacionalmente públicas (saúde, educação) não tanto em termos de privatização formal mas, de articulação ou simbiose, de contratualização de serviços e fornecimentos, sempre a expensas do OE, para além de um incisivo municiamento das empresas com empreitadas públicas de enorme volume. Devido à permanência duradoura no poder, o PS/PSD constitui-se numa rede clientelar muito densa presente em todas as áreas da vida do país e da multidão, simbolizando por esse motivo e vocação, a verdadeira cara da corrupção.
     Utiliza o deficit público como forma para proceder a uma vasta operação de redistribuição dos rendimentos; favorece o domínio do parasitismo financeiro; e gera regras danosas nos capítulos do emprego, da segurança social, do despedimento, da função pública, alienando totalmente qualquer resquício de política social ou do espírito inter-classista típico da social-democracia.
       Qualquer das Torres, uma vez fora do governo, brande as insuficiências da governação do outro mas, ambos sempre na linha da espiral dos sacrifícios para a multidão, através da aplicação dura e crua da agenda neoliberal, com uma encenação de oposição.
     Entre os seus chefes, mesmo quando mais carismáticos, Soares nunca passou de um angariador de fundos no exterior em épocas de crise e Cavaco um vulgar mau gestor desses fundos, em tempos de vacas gordas. Os restantes, tipificam-se como frouxos ou toscos (Durão, Nogueira, Ferro, Constâncio, Mendes), verbosos inábeis (Marcelo, Sampaio, Guterres) e caricaturais (Santana); todos, contudo, voláteis, produtos obsoletos em curto prazo, com duração inferior a um par de sapatos.
   

         Com mais de 80 anos, o PCP é uma formação reformista, ancorada numa direcção coesa e monolítica, sem projecto revolucionário desde meados do século XX e, hoje, órfão da capacidade de Cunhal para as manobras tácticas mas não do seu autismo estratégico.
    
      O poder autárquico que detém apresenta algumas virtualidades com reflexos positivos na vida das populações mas, não evita o desordenamento territorial, a especulação imobiliária ou a invasão automóvel.  O domínio das estruturas sindicais é um fim e não um meio mostrando-se o PCP, desde os anos 70 avesso ao fortalecimento das comissões de trabalhadores, preferindo o controlo das direcções sindicais, em regra rotinizadas num ritual sazonal de conversas no Conselho de Concertação Social, baixo-assinados e manifestações meramente sectoriais, com enormes intervalos.
      Essa tendência para o domínio das cúpulas das instituições aliena-lhe a audiência junto da juventude e da intelectualidade. Razões sociológicas e de história recente reduzem a sua implantação, grosso modo, ao Alentejo e em torno do eixo Lisboa-Setúbal.
    A sua pouca abertura ideológica para novas temáticas – toxicodependência, homossexualidade, racismo – constituem bandeiras fortes do Bloco de Esquerda. Porém, tal como sucede com o BE, não manifesta qualquer iniciativa no campo ambiental, que em Portugal se polariza em associações conservacionistas ou tecnocráticas.
     Nunca se recompôs do desmantelamento da URSS, aproximando-se posteriormente do capitalismo chinês. Mostra-se, em regra, sempre pronto a apoiar uma Torre Gémea contra a outra, tardando em assumir o seu projecto reformista, como sucedeu aos congéneres europeus.  Em contrapartida, é particularmente reactivo à influência crescente do BE que lhe disputa a hegemonia dentro de um mesmo projecto social-democrata sem espaço, nem tempo, na Europa ou em Portugal, por razões evidentes.
     

         O Bloco de Esquerda surgiu há menos de dezassete  anos quando se tornou evidente que a UDP ou o PSR isoladamente, só excepcionalmente teriam expressão parlamentar. Surgiu como expressão da procura de novas práticas políticas, assumindo mais a heterogeneidade da multidão do que a hegemonia de uma camada social; mais a federação das diferenças individuais do que os factores de homogeneidade entre os membros da multidão. Porém, nunca conseguiu extirpar a rivalidade entre UDP, PSR e Política XXI no controlo do aparelho.
   


   
      Os sucessos eleitorais resultam de vários factores tais como o imobilismo do PCP, a aceleração do desvirtuamento social-democrata do PS, em tempo de recessão económica e ofensiva capitalista, o aproveitamento de temas marginais no contexto conservador da sociedade portuguesa, a capacidade intelectual de alguns dos seus membros de topo. A votação de Louçã nas presidenciais e os resultados das autárquicas mostram, claramente, que essas fontes de sucesso poderão ter-se esgotado.
      Esses sucessos, contudo, têm contribuído para o afunilar da actividade na luta parlamentar, lançando a ilusão de que a “democracia de mercado” é democrática, que o regime político actual é susceptível de libertar a multidão da canga capitalista, mormente nesta sua fase de concentração financeira.
    Quando se não acentuam as contradições, se não aponta claramente para o cerne dos problemas que afectam a multidão abre-se o campo para a aceitação de vias reformistas, de tolerância para com o capital e os seus representantes e perpetua-se o domínio destes. De outro modo, não alimentando o radicalismo na análise política, nem incentivando a iniciativa dos elementos mais activos junto da sociedade, não colocando a acção ao nível da rua, no desafio inteligente da autoridade do capital, na desobediência programada, torna-se a massa eleitoral apoiante num elemento de elevada volatilidade.

(continua)

O sistema partidário português (Conclusão)

                                       3.      A linha estratégica à esquerda 


É ténue a diferença, nos dias de hoje, entre um regime de partido único com as suas inevitáveis sensibilidades ou grupos internos e um regime formalmente bipartidário, rotativista, com partidos que só diferem na cosmética com que maquilham as ideias que partilham. Em ambos os casos, é variável a real liberdade de expressão ou a tolerância e marginalização das opiniões que não se insiram nesse leque mole de lugares-comuns, de pensamento único.
Temos vindo a insistir (ver “A democracia de mercado e a actuação da esquerda”) na necessidade de uma linha estratégica e de uma prática política diversas das que vem sendo seguidas pela esquerda institucional. E temos também acentuado o carácter genocida do capitalismo de hoje, absolutamente resoluto na criação de dificuldades à multidão susceptíveis de reduzir a sua própria esperança de vida. Isso aconteceu na Rússia quando ao capitalismo cleptocrático de Estado se sucedeu o capitalismo liberal não menos cleptocrático que o anterior regime. E, não há projecto reformista com músculo suficiente para resistir ao vórtice protagonizado pelo capital financeiro e as suas práticas de escravização da multidão.
A linha estratégica que propomos não pode distinguir entre os que querem pôr em marcha o projecto genocida do capital e aqueles (à esquerda) que actuam sem relevar essa nova característica imposta pelo capital financeiro globalizado, fazendo crer que o actual estado de guerra infinita depende do perfil de quem estiver na Casa Branca, ou que o modelo social-democrata europeu ainda pode renascer das suas próprias e já frias cinzas.
Há pois, que aprofundar e renovar os parâmetros de uma estratégia para a esquerda e adoptar fórmulas práticas mais eficazes de combate contra o capital. Propomos aqui, alguns elementos para essa estratégia:

  1. Avaliar a inconsequência de um pacifismo que propõe, qual  dogma, a não utilização de meios violentos na luta contra o capital e, ao mesmo tempo recusa propor a extinção das forças armadas, expoente máximo da violência por parte do Estado capitalista. Se este está armado (tropa, polícias, tribunais, poder legislativo) e detém o monopólio da violência é para exercer esse poder sobre a multidão, o que não é nada de novo, aliás. E se se aceita esse monopólio é porque o mesmo dá segurança aos seus defensores que, portanto não se sentem parte da multidão dos explorados e agredidos.
  1. Avaliar o papel do Estado como elemento de insusceptível regeneração em prol da multidão frisando a sua perene função de domínio e repressão dessa multidão, pretendendo-se acima desta. Salvo momentos escassos e pouco duradouros, a multidão não detém reais meios de representação e de controlo do aparelho de Estado.
Com o capitalismo, o Estado assumiu uma dimensão e um poder enorme, sob a forma nacional, federal ou ainda sob a forma de instituições internacionais de emanação e aplicação das leis do capital. Essa dimensão e essa extensão, conduzem a que a sua actuação se torne ainda mais distanciada e alheada da vida da multidão.
Qualquer focagem nas lutas partidárias ou de grupos de capitalistas pelo domínio ou influência sobre o poder coercivo da lei, do monopólio da violência ou ainda da manipulação do dinheiro dos impostos, não pode fazer esquecer que o Estado, representante do colectivo dos capitalistas, reflecte as disputas internas entre capitalistas e é,simultaneamente, objecto de uma crítica sistémica por parte dos capitalistas individualmente considerados.
Há, pois que discutir, como se deverá organizar uma sociedade futura para que a multidão não aliene o controlo das decisões colectivas em grupos sociais ou elites auto-ungidas como vocacionadas para a gestão global, detentores do poder sobre aparelhos monstruosos, instrumentos de repressão e desenvolvimento das capacidades produtivas da multidão.
  1. Alterar a tendência para a polarização da actividade política em torno das disputas partidárias no seio dos parlamentos, sem discutir a sua falta de representatividade ou a forma abusiva como os chamados eleitos usam as suas prerrogativas de representantes com um poder absoluto. Dessa tendência resulta um afunilamento, uma condução das lutas sociais para o âmbito institucional descurando o papel formativo, gerador de auto-confiança da organização autónoma e das lutas sociais fora do quadro institucional. O poder deve estar na rua e não nos salões alcatifados pisados pelos grilos falantes.
  1. Combater a desinformação constante, em regra por omissão, do papel do capitalismo como sistema opressor e destruidor de vidas e do próprio planeta. Assim, é preciso evitar o apontar dos males do sistema com origem em elementos específicos, voláteis e robotizados, simbólicos como Bush ou Sócrates, como que admitindo quais alternativas populares, a madame Clinton ou a ridícula figurinha do chefe do PSD.
  1. Combater o exacerbado eurocentrismo que descamba para o chauvinismo ou mesmo racismo, quando se aceita como facto consumado a existência de Israel; e se despreza ou desvaloriza a luta desencadeada por povos não europeus, com outras culturas, que não se balizam pelos critérios ditos democráticos do ocidente mas que de facto, causam mais problemas à gestão global do capital, do que as esquerdas europeias, defensoras envergonhadas de uma social-democracia fora do tempo.
Não se defende, obviamente, a aceitação acrítica da actuação ou dos propósitos manifestados na luta de outros povos, seja no Iraque ou no Líbano, na Venezuela ou na Bolívia, no Nepal ou na Somália. É preciso, pelo contrário, assumir a atitude modesta de enriquecimento do conhecimento, de aprender com o Outro.


PS – Sublinhamos e saudamos a atitude da população de Valença, Chaves, Vendas Novas quando o governo socratóide decidiu retirar-lhes um serviço médico essencial. A rapidez na resposta e o atabalhoamento demonstrado pela metástase Correia de Campos evidencia o receio de que o exemplo possa frutificar. E demonstra a nossa razão quando propomos a desobediência, as medidas de massa contra o poder.

 Origem:  Esquerda Desalinhada

14 de fevereiro de 2014

COMO A MEDICINA DA DOENÇA FUNCIONA



Aos 30 anos, você tem uma depressãozinha, uma tristeza meio persistente: prescreve-se FLUOXETINA.
A Fluoxetina dificulta seu sono. Então, prescreve-se CLONAZEPAM, o Rivotril da vida. O Clonazepam o deixa meio bobo ao acordar e reduz sua memória. Volta ao doutor.

Ele nota que você aumentou de peso. Aí, prescreve SIBUTRAMINA.

A Sibutramina o faz perder uns quilinhos, mas lhe dá uma taquicardia incômoda. Novo retorno ao doutor. Além da taquicardia, ele nota que você, além da “batedeira” no coração, também está com a pressão alta. Então, prescreve-lhe LOSARTANA e ATENOLOL, este último para reduzir sua taquicardia.

Você já está com 35 anos e toma: Fluoxetina, Clonazepam, Sibutramina, Losartana e Atenolol. E, aparentemente adequado, um “polivitamínicos” é prescrito. Como o doutor não entende nada de vitaminas e minerais, manda que você compre um “Polivitamínico de A a Z” da vida, que pra muito pouca coisa serve. Mas, na mídia, Luciano Huck disse que esse é ótimo. Você acreditou, e comprou. Lamento!

Já se vão R$ 350,00 por mês. Pode pesar no orçamento. O dinheiro a ser gasto em investimentos e lazer, escorre para o ralo da indústria farmacêutica. Você começa a ficar nervoso, preocupado e ansioso (apesar da Fluoxetina e do Clonazepam), pois as contas não batem no fim do mês. Começa a sentir dor de estômago e azia. Seu intestino fica “preso”. Vai a outro doutor. Prescrição: OMEPRAZOL + DOMPERIDONA + LAXANTE “NATURAL”.

Os sintomas somem, mas só os sintomas, apesar da “escangalhação” que virou sua flora intestinal. Outras queixas aparecem. Dentre elas, uma é particularmente perturbadora: aos 37 anos, apenas, você não tem mais potência sexual. Além de estar “brochando” com frequência, tem pouquíssimo esperma e a libido está embaixo dos pés.

Para o doutor da medicina da doença, isso não é problema. Até manda você escolher o remédio: SILDANAFIL, TADALAFIL, LODENAFIL ou VARDENAFIL, escolha por pim-pam-pum. Sua potência melhora, mas, como consequência, esses remédios dão uma tremenda dor de cabeça, palpitação, vermelhidão e coriza. Não há problema, o doutor aumenta a dose do ATENOLOL e passa uma NEOSALDINA para você tomar antes do sexo. Se precisar, instila um “remedinho” para seu corrimento nasal, que sobrecarrega seu coração.

Quando tudo parecia solucionado, aos 40 anos, você percebe que seus dentes estão apodrecendo e caindo. (entre nós, é o antidepressivo). Tome grana pra gastar com o dentista. Nessa mesma época, outra constatação: sua memória está falhando bem mais que o habitual. Mais uma vez, para seu doutor, isso não é problema: GINKGO BILOBA é prescrito.

Nos exames de rotina, sua glicose está em 110 e seu colesterol em 220. Nas costas da folha de receituário, o doutor prescreve METFORMINA + SINVASTATINA. “É para evitar Diabetes e Infarto”, diz o cuidador de sua saúde(?!).

Aos 40 e poucos anos, você já toma: FLUOXETINA, CLONAZEPAM, LOSARTANA, ATENOLOL, POLIVITAMÍNICO de A a Z, OMEPRAZOL, DOMPERIDONA, LAXANTE “NATURAL”, SILDENAFIL, VARDENAFIL, LODENAFIL ou TADALAFIL, NEOSALDINA (ou “Neusa”, como chamam), GINKGO BILOBA, METFORMINA e SINVASTATINA (convenhamos, isso está muito longe de ser saudável!). Mil reais por mês! E sem saúde!!!

Entretanto, você ainda continua deprimido, cansado e engordando. O doutor, de novo. Troca a Fluoxetina por DULOXETINA, um antidepressivo “mais moderno”. Após dois meses você se sente melhor (ou um pouco “menos ruim”). Porém, outro contratempo surge: o novo antidepressivo o faz urinar demoradamente e com jato fraco. Passa a ser necessário levantar duas vezes à noite para mijar. Lá se foi seu sono, seu descanso extremamente necessário para sua saúde. Mas isso é fácil para seu doutor: ele prescreve TANSULOSINA, para ajudar na micção, o ato de urinar. Você melhora, realmente, contudo... não ejacula mais. Não sai nada!
Vou parar por aqui. É deprimente. Isso não é medicina. Isso não é saúde.

Essa história termina com uma situação cada vez mais comum: a DERROCADA EM BLOCO da sua saúde. Você está obeso, sem disposição, com sofrível ereção e memória e concentração deficientes. Diabético, hipertenso e com suspeita de câncer. Dentes: nem vou falar. O peso elevado arrebentou seu joelho (um doutor cogitou até colocar uma prótese). Surge na sua cabeça a ideia maluca de procurar um CIRURGIÃO BARIÁTRICO, para “reduzir seu estômago” e um PSICOTERAPEUTA para cuidar de seu juízo destrambelhado é aconselhado.

Sem grana, triste, ansioso, deprimido, pensando em dar fim à sua minguada vida e... DOENTE, muito doente! Apesar dos “remédios” (ou por causa deles!!).

A indústria farmacêutica? “Vai bem, obrigado!”, mais ainda com sua valiosa contribuição por anos ou décadas. E o seu doutor? “Bem, obrigado!”, graças à sua doença (ou à doença plantada passo-a-passo em sua vida).
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