23 de julho de 2017

AS SARDINHAS; OS TECNOCRATAS DO IV REICH; OS NEO-LIBERAIS TUGAS; OS COMUNISTAS QUE COMEM CRIANCINHAS AO PEQUENO ALMOÇO...



Quando ainda vivia na minha terra natal, fazia parte de um grupo de amigos que reunia uma vez por mês e alugava-mos um barco para irmos para a pesca no mar, na zona de Peniche.
À segunda ou terceira saída para o mar já no regresso da pescaria com o sol quase a esconder-se demos com uma imagem surrealista (pelo menos para mim), um tapete de peixes mortos a boiarem, que se estendia até perder de vista.
Perguntei ao Mestre do barco o que era aquilo e com um sorriso forçado  lá me explicou que se tratava de sardinha que tinha sido atirada ao mar.
Porquê?
Hesitando, quase que engolindo as palavras, lá conseguiu explicar-me que tinha sido enviado a ordem para as traineiras deitarem borda fora toda a safra daquele dia. Entre a minha cara de parvo e o riso dos meus colegas, lá me foram explicando que cena era aquela.
Cena que acontecia amiúde e tinham semanas que não passavam daquilo, peixe (já morto) atirado borda fora.
Ou seja, toneladas de sardinha (nem faço sequer uma ideia de quantas), centenas, milhares de toneladas de peixe atiradas fora, porquê? Para quê?
 - Para o preço não baixar na lota. Leram bem, eu repito, PARA O PREÇO NÃO BAIXAR NA LOTA.



Apenas na Lota de Peniche, agora imaginem no total da costa portuguesa.
Em Portugal e em outros países subdesenvolvidos é assim que se faz.
Para o preço do peixe não cair na Lota, deita-se a safra borda fora (neste império de cães raivosos, leia-se capitalismo, é assim que se faz, com o peixe, com a fruta, com os legumes, com as batatas, deite-se fora. Há muito, enterre-se. Há muito, os preços não podem baixar...)
Quem deu as ordens para os barcos deitarem ao mar todo o peixe?
 - Não sei.
Quem lucra com isso?
 - Ah! Isso já sei, A Docapesca.
A Docapesca foi 'criada' em Portugal por decreto lei em 1956, ou seja, num período muito "profícuo" para os portugueses.
Lembram-se do Tenreiro? Sim, Henrique Tenreiro, o "Patrão das Pescas"?
 - Sim, era militar no Estado Novo, mas era ele que controlava tudo o que dizia respeito às pescas durante a ditadura. Da promiscuidade entre a ditadura de Salazar e o poder económico todo o mundo sabe, mas quem quer aprofundar a coisa pode ter acesso aqui e saber mais:
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218729406D7rDD2xe0Dy51UR4.pdf


Até 1974 é Henrique Tenreiro quem define as directrizes da política nacional de pescas, controla e dispõe sobre todas as fontes de financiamento dos programas de renovação das frotas. De 1953 em diante preside ao conselho administrativo do Fundo de Renovação e Apetrechamento da Indústria da Pesca, o célebre FRAIP, donde provém boa parte do financiamento dos programas estatais de renovação das frotas de pesca. Ao poder financeiro Tenreiro acrescenta extensos poderes de gestão empresarial de um expressivo sector público-corporativo das pescas que, por finais de 1960, engloba trinta «organizações», entre grémios, sociedades mútuas de seguros, cooperativas de aprestos e empresas dependentes da organização corporativa. Desde o tempo da guerra, Tenreiro impõe a concentração de capitais em sociedades de armadores controladas pelos grémios (casos da SNAB e da SNAPA), cria empresas formalmente privadas investidas de funções oficiais de intervenção no abastecimento de pescado (caso da Gel-Mar, criada em 1957), concessionárias, como a Docapesca (1956), e secções especializadas de grémios de vocação empresarial (Serviço de Abastecimento de Peixe ao País, em 1956).

A Organização das Pescas não era, porém, uma realidade unívoca. Ao poder tutelar de H. Tenreiro eximiam-se — sendo até hostis a qualquer interferência sua — os organismos de coordenação económica, Comissão Reguladora do Comércio de Bacalhau e Instituto Português de Conservas de Peixe, ambos territórios de «administração indirecta» do Estado. Na obsessão de tudo enquadrar de modo a garantir que a «campanha do bacalhau» e o fomento das demais pescarias corressem sem sobressaltos, o Estado delega em Tenreiro uma importante função arbitral que o próprio interpreta de forma expedita e zelosa: cabe-lhe impor a colaboração institucional entre capital e trabalho, vigiar o comportamento de ambos e chamá-los a uma cooperação permanente com os poderes públicos e corporativos.
Entretanto aconteceu Abril, Tenreiro depois de rer estado detido cerca de ano e meio em Portugal a Direita emergente de uma série de Contra-Golpes ou Contra-Revolução manda-o libertar ele parte para Espanha para se tratar e depois refugia-se no Brasil até à sua morte em 1994.
.



Entretanto os tugas 'conscientes' destas coisas da cultura e da história de Portugal, escolhem para os governar um fuinha manhoso com cara de raposa que com toda a sua manha leva a segunda maior frota de pesca do mundo a ser desmantelada, oferecendo aos pequenos proprietários de barcos de pesca (leia-se pescadores) determinadas quantias de dinheiro para "abaterem" os seus barcos. Ao princípio alguns ainda resistiram mas eram 'coagidos' com determinadas pressões executadas por "agentes" ao serviço dos tecnocratas do Quarto Reich (leia-se União Europeia, na época CEE) e assim, Portugal, como uma das maiores potencias mundiais na pesca, fica reduzido à sua insignificância ou seja, nem aparece hoje nas estatísticas.
As pescas, num país com uma das zonas económicas exclusivas maiores no mundo (Portugal possui a 3ª maior zona económica exclusiva da União Europeia e a 11ª do mundo. 11% da ZEE da União Europeia pertence a Portugal), ficaram nas mãos dos espanhóis, dos franceses, dos chineses e de alguns capitalistas tugas, talvez investidores na Docapesca, quem sabe, afinal trata-se de uma S.A. (Sociedade Anónima).
Esta a sina de Portugal, no Estado Novo era o sr. Tenreiro, na Democracia foi o sr. Silva, esse nobre arquitecto do neo-liberalismo Tuga e os Soares e os tantos amigos do sr. Mitterrand e do sr. Schäuble.
.
São agora os portugueses acusados de comerem "muito" peixe colocando em causa a sobrevivência das 'espécies', os tugas que nem dinheiro tem para o carapau do gato.
Vem depois os pasquins do Observador, do Sol e outros abcessos acusarem os golfinhos, o aquecimento global e outras merdas de serem responsáveis pelo desaparecimento das sardinhas. É preciso ter lata!

E andaram os portugueses com tanto medo daqueles que comem criancinhas ao pequeno almoço.
Os neo-liberais e seus lacaios 'comem' as criancinhas, 'comem' os pais das criancinhas, comem os avós das criancinhas, comem tudo e não deixam nada e o perigo são os comunistas.
.
Fontes:
 - Álvaro Garrido – Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
 - Museu Marítimo de Ílhavo
 - Google
 - Wikipédia


Sem comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...