Falei-vos destas detestadas coisas taurinas, não porque me interessem minimamente mas porque são um bom exemplo de como os jargões técnicos com que as elites não resistem a enfeitar os seus discursos, os tornam peças autistas de uma inutilidade absoluta, a não ser para masturbatória carícia do inchado ego do autor.
Vem isto a propósito de vinhos e da
dificuldade que a esmagadora maioria de nós tem frente às imensas
prateleiras e centenas de marcas de vinhos que se digladiam em design,
preços e contra-rótulos absurdos, uns auto-elogiantes, outros conversa
comercial de treta, outros ainda cheios de notas de prova, referências
às técnicas e condições de fabrico absolutamente esotéricas e outras
tantas parvoíces que apenas baralham quem os lê na esperança que
pudessem ajudar na escolha...
A blogoesfera encheu-se de
comentadores/críticos que nenhuma revista quis mas que agora podiam
gritar aos quatro ventos e à borla o seu “super especializado” jargão
enófilo, o tal que ainda se pode ver em muitos contra-rótulos, para
deslumbrar a malta, uns estúpidos que nem sabem dizer que são taninos
aquilo que nos deixa a língua áspera como se tivesse sido passada a lixa
nº 80.
Sempre preocupados em mostrar que o seu educado gosto é bem diferente do gosto de quem apenas gosta de beber vinho pelo bem que ele lhe sabe e não por saber que estagiou 12 meses numa barrica de carvalho Nevers de grão médio e tosta forte, maceração pós-fermentativa em cuba inox a 26ºC e malolática na barrica, mais todos os tiques da linguagem cifrada, pomposa e oca, pretensamente especialista, as penosíssimas e enfadonhas descrições de prova em que cada um se esforça por recordar mais nomes de frutos do bosque e, quando já não há mais, lá vêm as compotas de cereja e de ameixa e aquele subtil sabor, glória de qualquer enólogo que se preze, a mirtoso azuis, mas entre a 3ª e 4ª semana de maturação, se expostos a Sul e o ano for bom… não há pachorra para tanta parvoíce!...
Sempre preocupados em mostrar que o seu educado gosto é bem diferente do gosto de quem apenas gosta de beber vinho pelo bem que ele lhe sabe e não por saber que estagiou 12 meses numa barrica de carvalho Nevers de grão médio e tosta forte, maceração pós-fermentativa em cuba inox a 26ºC e malolática na barrica, mais todos os tiques da linguagem cifrada, pomposa e oca, pretensamente especialista, as penosíssimas e enfadonhas descrições de prova em que cada um se esforça por recordar mais nomes de frutos do bosque e, quando já não há mais, lá vêm as compotas de cereja e de ameixa e aquele subtil sabor, glória de qualquer enólogo que se preze, a mirtoso azuis, mas entre a 3ª e 4ª semana de maturação, se expostos a Sul e o ano for bom… não há pachorra para tanta parvoíce!...
Desçam à terra! Percebam que não é desonra nenhuma admitir que um vinho alentejano que vende muito e nem arrepia a língua, pode ser um bom vinho, sem levar logo o epíteto de “fácil”, “redondinho” ou "popular".
Percebam que lá por um viticultor produzir em Portugal com Sirah, Chardonnay ou Pinôt Noir, não se torna um Miguel de Vasconcelos vínico, a atraiçoar as castas nacionais, tratadas com um fervor patético que raia o nacionalismo.
Por Luís Pontes, em Comidas Caseiras.
Para ler o artigo completo: http://comidascaseiras.blogspot.com