Está na moda. o optimismo.
Provavelmente, como reacção a uma espécie de perturbação afectiva generalizada que parece fazer balançar muita gente entre quase surtos depressivos e períodos de euforia, o interesse científico na área do comportamento humano virou-se nos últimos anos para a compreensão das razões por que uns fazem uma festa com coisa nenhuma e outros se entretêm a antecipar desgraças.
Embora o tema do optimismo e do pessimismo sirva, entre nós, sobretudo para produção de anedotas, até essas anedotas contêm um ensinamento sempre repetido: que mais importante do que as circunstâncias e os acontecimentos é o olhar de quem vê, a perspectiva que se consegue ter, o sentimento íntimo que acompanha a interpretação que se faz do que vai passando por nós.
2. Se fosse uma questão de opção, se se pudesse escolher um modo de ser e de sentir, seríamos todos infatigáveis optimistas plenos de visões retocadas dos outros e do mundo. Todos preferiríamos a jovialidade, a facilidade e a leveza que parecem existir naqueles que levam a vida com uma perna às costas, que têm sempre soluções e formas de ultrapassar qualquer situação, que acreditam, para lá de todos os argumentos, que vão mesmo transformar sonhos em realidade, acertar na lotaria ou encontrar o príncipe perfeito montado num cavalo branco.
Ninguém no seu perfeito juízo escolheria, se pudesse, estar imbuído de visões trágicas, de medos a escorrer à socapa de todos os gestos, de pressentimentos de desgraças e de cataclismos. Ninguém, se fosse possível escolher, quereria ter o condão de ver primeiro as partes más, de cheirar com antecedência o que vai correr mal, de destacar para primeiro plano o sórdido, de adivinhar o negativo, de fazer das leis de Murphy uma indec1inável predestinação.
3. Mesmo percebendo que optimismo a mais é defeito, que idealismo infinito e perspectivas cor-de-rosa do cinzento alimentam trajectórias de vida de insucessos consecutivos, mesmo assim, todos gostariam de ter essa possibilidade.
Daí que se compreenda que até a ciência embarque na investigação sistemática dos «comos» e «porquês».
Em si mesmo, e à sua maneira. também é uma manifestação de optimismo.
Isabel Leal
PSICÓLOGA
in Noticias Magazine 21Fev2010
7 de abril de 2010
31 de março de 2010
Vacina Contra H1N1 Prevê Doenças Graves como Guillan Barre
No Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) lançou, no dia 12 de Março, uma versão actualizada do "Protocolo de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-Vacinação – H1N1". Nesse documento, podem ser encontradas informações sobre os tipos de vacinas aplicados, esquema de vacinação para os diversos grupos populacionais e, é claro, os eventos adversos esperados (EAPV). Aí é que começa a ficar interessante. Este documento pede especial atenção para os seguintes eventos adversos graves:
* Síndrome de Guillain-Barré (SGB) (página 23). O documento descreve as características da SGB, além de critérios, diagnósticos. Informa, por exemplo, que a gravidade máxima da SGB poderá ser atingida em quatro semanas:
* Encefalites, encefalomielites e mielites
Basicamente são processos inflamatórios no sistema nervoso central. A principal manifestação clínica na encefalite é representada por alteração do comportamento ou do estado de consciência do paciente, o qual varia desde irritabilidade, agitação, delírio, desorientação até sonolência, embotamento e coma.
* Neurite óptica
É uma inflamação do nervo óptico que pode causar perda parcial súbita da visão do
olho afectado.
* Anafilaxia
Também conhecida por reacção de sensibilidade imediata tipo I de Gel e Coombs é uma emergência médica de instalação súbita e inesperada, com manifestações clínicas iniciando em segundos ou minutos após a exposição à substâncias ou alergenos (vacina) administrados.
* Morte súbita e inesperada
A morte súbita, quando se excluem todas as causas violentas de óbito (homicídio,suicídio, envenenamento, traumas, acidentes, etc.) é definida como morte instantânea ou dentro de 24 horas após o início dos sinais e sintomas que não se pode explicar. Morte súbita é aquela que se produz rapidamente em um indivíduo aparentemente em boa saúde até então.
Vemos então que estas informações não estão sendo devidamente divulgadas. Existem chances reais de estes efeitos adversos já estarem acontecendo. Vejamos por exemplo o caso da criança de menos de 2 anos que morreu no Pará. Não houve nenhuma divulgação do caso. Neste documento existe uma grande lista de órgãos responsáveis pela colecta das informações de reacções adversas.
Em Portugal, divulgou-se alguma coisa? Desculpem a minha ignorância.
Fontes:
Protocolo de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-Vacinação (26 de Março de 2010)
Blogue - SAIBA DO QUE ELES NÃO QUEREM QUE VOCÊ SAIBA
23 de março de 2010
Para nos mantermos sempre jovens temos de abrir o coração e a mente
Afinal o que é ser-se velho? É ter rugas e cabelos brancos ou não ser capaz de evoluir? É que para permanecer psicologicamente jovem as operações de estética e o ginásio ajudam pouco.
Há pessoas que, graças a tratamentos hormonais, ginástica, cirurgia estética, maquilhagem e moda, continuam a parecer jovens, mesmo tendo 70 anos. E alguns também são jovens no seu interior. Já outros têm um interior envelhecido. Que significa exactamente ser jovem ou ser velho? Os jovens lembram--nos animais juvenis: crias fofas, flexíveis, brincalhonas. Na criança vemos vivacidade, frescura e espanto. Para nós, os jovens têm muita energia, são rápidos, animados e recuperam rapidamente as forças. No plano mental, são curiosos, fazem experiências, aprendem rapidamente, acreditam no futuro, adaptam-se às várias circunstâncias, pensam para além dos esquemas existentes e são criativos, construtivos. Nos velhos, todas estas características se tornam mais rígidas. Mas será mesmo assim? Serão mesmo assim todos os jovens que conhecemos? Não. Muitos são pessoas de hábitos, seguem passivamente as modas, as orientações do grupo, perdem tempo com jogos parvos. Outros são preguiçosos, não lêem, não estudam, não conseguem concentrar-se, não acreditam no futuro, não sabem definir nem seguir metas. Portanto as qualidades que descrevemos como sendo típicas da juventude estão presentes em algumas pessoas excepcionais com uma grande inteligência, abertura mental, capacidade de criar e de renovação contínua.
Goethe, Freud, Marie Curie, Simone de Beauvoir, Verdi, Puccini, Charlie Chaplin permaneceram sempre jovens. Mas não é essencial possuir o génio deles para permanecer jovem. Basta cultivar as nossas qualidades humanas. Há muitas pessoas que ficam psicologicamente velhas com trinta anos porque se encerram em hábitos, preconceitos e horizontes ideológicos, não aceitando o que é novo ou diferente. Controlam as emoções, não enfrentam novos problemas, tornam-se rígidas e repetitivas. E se graças à ginástica, às dietas, à cirurgia estética conseguem parecer fisicamente jovens, quando começam a falar percebemos que são iguais ao que eram no passado.
Velho é quem não evolui. Para permanecer psicologicamente jovem, o exercício e as operações estéticas servem de pouco. É preciso um coração e uma mente abertos, aceitar a humanidade em todas as suas formas, observar, estudar o que é novo, tentar compreendê-lo, não seguir a manada, não seguir as modas, não se deixar arrastar pela corrente, pensar pela própria cabeça, viver as emoções, procurar o que é intenso e essencial e rejeitar o resto.
Francesco Alberoni, jornal i
20 de março de 2010
Que Putas...
Ezra Pound chamou-lhe «pecado contra a natureza» e o papa Cisto V «pecado contra Deus e contra os homens». O empréstimo de dinheiro a juros, o «lucro sem labor», é considerado imoral pela Bíblia (no êxodo, no Levítico, no Deuteronómio, nos evangelhos de Lucas e Mateus), proibido pelo Corão, condenado por filósofos (Platão, Aristóteles, Séneca, Plutarco, São Tomás de Aquino...), por Maomé, por Moisés, pelo Buda; foi banido em concílios como o de Niceia e o de Latrão, declarado heresia e blasfémia por Clemente V; e Dante colocou os usurários - a quem a Igreja chegou a recusar os sacramentos e o funeral cristão - no interior do sétimo círculo do Inferno.
Os usurários tornaram-se entretanto gente respeitável, capaz de temer a Deus e pregar valores morais e, simultaneamente, ler pela cartilha de Bentham que, em 1787, na sua Defesa da Usura, defendeu que cada homem deve ser único juiz do modo como obtém lucros, não tendo de se atar a empecilhos morais.
É assim que, sem aparente escândalo, os quatro maiores bancos privados a actuar em Portugal fecharam 2009 - ano de miséria e desemprego para grande parte da população portuguesa e de falências e encerramentos de empresas por todo o país - com lucros totais de 1445,6 milhões de euros, mais 14 por cento do que em 2008. O que, em números redondos, representa qualquer coisa como quatro milhões por dia, ou 170 mil euros por hora. É algo elementar que a economia ensina: o dinheiro não se evapora. Quando desaparece do bolso de uns, os mesmos de sempre, está a entrar no de outros, os de sempre também.
Seria de supor que, tendo tido tantos lucros, a banca tivesse, em contrapartida, pago mais impostos. Não, pagou ainda menos do que em 2008. Em 2008, as quatro instituições (e a taxa efectiva de IRC da banca é de apenas 15,6 por cento, contra os 25 por cento de IRC mais 1,5 por cento de derrama das restantes empresas) tinham pago 391,9 milhões de euros em impostos. No ano passado, à custa de inumeráveis «benefícios fiscais», pagaram 330,8 milhões,16 por cento menos.
Boa parte dos lucros da banca em 2009 foi, e continuará a sê-lo nos próximos anos, paga pelos contribuintes, através de todos os «apoios», «avales» e «benefícios» que o governo generosamente concedeu ao sector e o Orçamento de Estado deste ano começará já a cobrar aos salários e pensões. E não é que a banca, segundo notícias recentes, esgotou já o montante desses avales do Estado e quer mais? E não é que o governo, que no ano passado aumentara o capital da CGD em mil milhões de euros (para ela os injectar no BPN), vai agora aumentar de novo, e com o mesmo objectivo, esse capital até ao valor de 1585 milhões de euros? Não será decerto difícil imaginar a quem o OE e o PEC apresentarão a factura...
O problema é que é cada vez mais difícil discernir quem, à mesa do banquete orçamental, se senta ao colo de quem, o poder político ou o poder financeiro. Voltando ao Canto XLV de Pound, «trouxeram putas para Elêusis / cadáveres dispostos no banquete / às ordens da usura».
Publicada na Noticias Magazine em 21 de Fevereiro de 2010 por Manuel António Pina
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