17 de junho de 2010

Hormona do amor favorece coesão de grupo e atitude defensiva face a estranhos


                             A oxitocina tem fama de ser a molécula do amor,    que se liberta durante as relações sexuais, mas os efeitos desta hormona vão muito mais além. É a responsável pela relação mãe e filhos, da confiança e, segundo um novo estudo publicado na Science, o que provoca a coesão de grupos, protegendo-os contra ameaças externas.



 Imagem mostra a complexidade da oxitocina
 
 No entanto, uma equipa do departamento de Psicologia da Universidade de Amesterdão, na Holanda, já constatou que a oxitocina está por detrás deste altruísmo paroquial.  
Esta hormona é produzida na presença de estímulos agradáveis como comer ou ter relações sexuais. Além da sua função no parto e pós-parto, a oxitocina está associada a uma maior capacidade empática e generosa. Quanto administrada de forma exógena, “promove a confiança, a cooperação e reduz a hipótese de beneficiar do outro”, explicam os autores no artigo.
Dentro de uma colectividade, a oxitocina funciona para preservar, defender e fortalecer laços, indirectamente enfraquecendo os adversários.


Para testar a descoberta, dezenas de jovens foram chamados para resolver versões do dilema do prisioneiro. Meia hora antes da prova, metade dos participantes cheiraram uma quantidade de oxitocina e os restantes uma substância inócua.                                                  

Dividiram os jovens em três grupos e cada indivíduo tinha de escolher o melhor modo de mover dinheiro. Os mais altruístas foram os que cheiraram o neuro-modulador, que distribuíram o dinheiro na procura do benefício dos companheiros de grupo e não de si próprios.

Alguns investigadores relacionaram este altruísmo paroquial com o terrorismo e a guerra, já que, como sugerem os resultados, “poderia existir uma base biológica para pensar que o altruísmo e a agressão estão mais próximos do que se tinha pensado”, indica ainda um artigo que acompanha a investigação.

“A mensagem importante é que a oxitocina não só promove a generosidade, a benevolência e a confiança”, explica Carsten De Dreu, especialista em Psicologia. “É ainda determinante para tornar os grupos coesos e a chave de defesa dos mesmos”, acrescenta do autor do estudo.


Saiba mais sobre a origem do teste executado pelos voluntários do estudo:

Dilema do prisioneiro (versão clássica)

Dois suspeitos, A e B, são presos pela polícia. A polícia tem provas insuficientes para os condenar, mas, separando os prisioneiros, oferece a ambos o mesmo acordo: se um dos prisioneiros, confessando, testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silêncio, o que confessou sai livre enquanto o cúmplice silencioso cumpre 10 anos de sentença. Se ambos ficarem em silêncio, a polícia só pode condená-los a 6 meses de cadeia cada um. Se ambos traírem o colega, cada um leva 5 anos de cadeia. Cada prisioneiro faz a sua decisão sem saber que a decisão que o outro vai tomar, e nenhum tem certeza da decisão do outro.

in, Ciência Hoje

Sem comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...