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Depois de percebermos como funciona o nosso corpo e como podemos avaliá-lo, é altura de avançar e começarmos a caminhar no sentido de alterarmos o nosso estilo de vida de forma a nos tornarmos mais saudáveis.
Até agora, mencionei variadíssimas vezes a importância da alimentação na criação da saúde e referi-me também aos alimentos como tendo qualidades energéticas, como fontes essenciais da energia ki.
Neste capítulo escreverei mais pormenorizadamente sobre a alimentação, não só de um ponto de vista de energia ki, mas tecendo também algumas considerações de ordem nutricional, que poderão ajudar o leitor a melhor compreender alguns dos aspectos relacionados com esta temática.
Este capítulo é mais extenso do que todos os outros, para que o leitor mais facilmente tenha a capacidade de implementar mudanças práticas na forma como come e que saiba porquê.
Na minha experiência pessoal e naquilo que tenho testemunhado em inúmeras pessoas ao longo dos anos, uma simples (bem, ás vezes não é assim tão simples) mudança de hábitos alimentares pode melhorar radicalmente condições crónicas de saúde antigas e levar o individuo a níveis notáveis de vitalidade, bem-estar e clareza.
Os alimentos que ingerimos são absolutamente fundamentais para uma boa saúde. É consensual que temos de ter cuidados com a alimentação se queremos desfrutar de uma vida mais plena.
Apesar de frequentemente esquecido, o nosso sangue (e consequentemente toda a nutrição das células, órgãos e sistema nervoso) é criado a partir daquilo que comemos. Se não nos alimentarmos, a vida não é possível: nós somos literalmente aquilo que comemos. Cada uma das nossas células é influenciada pela qualidade do sangue que as nutre, e este, por sua vez, é criado por aquilo que comemos todos os dias.
Penso que a resposta para a maioria dos nossos problemas de saúde está mesmo por baixo dos nossos narizes três vezes por dia: ao pequeno-almoço, ao almoço e ao jantar.
É aceite por todos aqueles que estudam estas áreas, particularmente no campo da epidemiologia, que a alimentação da sociedade moderna ocidental é, na maioria dos casos, excessiva e conduz ao descalabro das doenças degenerativas modernas que testemunhamos neste momento. Muitos dos cancros, doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, problemas respiratórios, doenças renais e muitos outros problemas de saúde poderiam ser evitados se houvesse mais cuidados na a1imentação.
O uso e abuso de produtos animais, como carne e lacticínios, de açúcar; alimentos refinados e produtos químicos é, na minha opinião, a causa principal dos problemas modernos. Se queremos realmente melhorar a saúde, é aqui que se tem de operar as maiores mudanças, tanto a nível individual como a nível político e social.
Gastamos biliões de euros todos os dias, em todo o mundo, a tentar resolver sintomas de problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, cancro, diabetes, obesidade e muitos outros, cuja origem é claramente nutricional e que só podem ser verdadeiramente resolvidos indo ao cerne da questão: o que ingerimos todos os dias.
Existe um número enorme de estudos que relacionam os hábitos alimentares modernos com problemas degenerativos e esse número não pára de aumentar.
Destaco em particular o mega-estudo realizado pelas universidades de Cornell, Pequim e Oxford, denominado «The China Study» (o Estudo da China).
Os resultados do «China Study»’ podem ser consultados no livro The China Study, de T. Collin Campbell, Benbella Books. O Dr. Campbell, principal orientador do China Study, é professor de Bioquímica na Universidade de Cornell, nos EUA.
O «China Study» é um dos maiores estudos nutricionais jamais realizados e aponta, de forma clara e inequívoca, para a relação entre o consumo de produtos animais e as doenças degenerativas modernas. Os cientistas que realizaram o estudo estão acima de quaisquer suspeitas e tem um currículo académico exemplar. No entanto, os resultados do mesmo são muito pouco divulgados, possivelmente porque o «China Study» coloca em causa, de uma forma muito séria e perturbadora, hábitos que erradamente achamos serem tradicionais, como o comer carne ou produtos lácteos diariamente. De acordo com os autores deste estudo epidemiológico, estes alimentos deveriam ser excluídos da alimentação diária; para Collin Campbell, os produtos lácteos, por exemplo, são a principal causa dos problemas de saúde modernos e, no entanto, continuam a ser publicitados como alimentos essenciais, o que é incompreensível. O Dr. Walter Willet, chefe do Departamento de Nutrição da Universidade de Harvard e autor do livro Eat, Drink and be Healthy, é também um dos principais investigadores nesta área e corrobora igualmente a relação entre os errados hábitos alimentares modernos e muitas das doenças degenerativas da actualidade.
Autores como os acima citados e estudos como o «Framingham Heart Study>’, «Nurse’s Health Study», «Iowa Women’s Health Study» e muitos outros contribuíram para que a população em geral, e a comunidade científica em particular, começassem cada vez mais a interessar-se pelos hábitos alimentares e pelo seu papel na etiologia e prevenção de problemas de saúde. No entanto, nos meios relacionados com as práticas terapêuticas alternativas, essa relação já vem a ser mencionada há décadas, se não séculos, mesmo quando não consubstanciada com evidencia científica. É por demais evidente, e é uma questão de senso comum, que a alimentação é a matéria-prima a partir da qual criamos a nossa realidade física. Sem comida, a vida não é possível, se não nos alimentarmos não podemos manifestar criatividade, compaixão, alegria, não podemos celebrar o milagre da vida.
Apesar de o corpo humano ter, até certo ponto, capacidade de desintoxicar dos efeitos de uma a1imentação desregrada, esta capacidade é limitada e acaba por ficar cada vez mais fraca à medida que vai havendo uma maior acumulação de resíduos e uma consequente degradação da condição saudável.
O número de questões que se pode colocar em relação à alimentação é infinitamente grande. Nos cursos e palestras que dou são muitas as dúvidas que surgem em relação a este tema.
— Devemos ser vegetarianos?
— Devemos ser lacto-ovo vegetarianos?
— Devemos comer apenas alimentos crus?
— Devemos comer proteína animal a todas as refeições?
— Beber muito leite ou não beber leite?
— Devemos comer cereais ou não comer cereais?
As escolhas possíveis são muitas e, curiosamente, todas elas, mesmo as mais opostas e contraditórias, encontram algum suporte em evidencia científica.
Normalmente, quando se procura mudar de alimentação, a maioria das pessoas quer encontrar uma resposta definitiva e absoluta para esta questão: temos de ser completamente vegetarianos ou comer carne todos os dias, comer tudo cru ou talvez tudo cozinhado, comer segundo o grupo sanguíneo ou esse critério é irrelevante... Assim, a maioria dos praticantes de cada corrente defende o seu ponto de vista, de forma acérrima e muitas vezes intransigente, sem considerar que as circunstancias externas e internas estão permanentemente em mudança e que, nesse sentido, deve haver uma adaptação constante ao meio.
O importante é começar por sentir o que melhor se adapta a nós e experimentar; os resultados práticos são claramente a melhor forma de saber se o que estamos a fazer é adequado ou não.
Conheço pessoas vegetarianas há décadas que gozam de perfeita saúde, assim como conheço vegetarianos com deficiências nutricionais sérias. Conheço macrobióticos que irradiam brilho e alegria e também conheço outros que não são claramente o epíteto de saúde e bem-estar.
Pessoalmente, optei há muitos anos por urna prática macrobiótica e ainda boje acredito que esta é a prática alimentar mais saudável tanto a nível pessoal como ambiental, em particular se seguida com flexibilidade e bom senso.
Francisco Varatojo, em MENTE SÃ / CORPO SÃO (esfera dos livros)
Recomendo esta obra para todos aqueles que se preocupam com a respectiva alimentação e a dos seus filhos. Francisco Varatojo com a sua formula muito nítida de explicar este mundo da Alimentação coloca neste livro os princípios essenciais que levam a uma mudança de atitude em relação ao Corpo, à Mente e ao Mundo que nos rodeia. Quer (por motivos vários) mudar sua alimentação? Comece por aqui.
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