25 de julho de 2011

IMPORTANTE DESCOBERTA PARA PORTUGAL

Foram encontradas as razões (científicas) que explicam porque é que Portugal se encontra na situação actual e porque se está a transformar num dos países mais débeis do mundo.

A Organização Mundial de Saúde alerta para o facto de um em cada quatro europeus sofrer de algum distúrbio psicológico ou psiquiátrico, desde a depressão à esquizofrenia. As doenças da mente tornaram-se a principal causa de incapacidade do mundo. Todavia, os avanços no campo da neurociência representam uma nova esperança no tratamento e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes   
(Ver  SUPERinteressante Nº158).               


Vamos tentar interpretar estes números:
-Em Portugal estão inscritos 11 milhões nos cadernos eleitorais (contabilizados desde que Cavaco chegou ao poder, Mortos, Desaparecidos, Espoliados, por Nascer e Clones, todos com direito a voto). De acordo com a O.M.S. um em cada quatro europeus é maluco. Como os Portugueses são Europeus (por enquanto) logo um em cada quatro portugueses é Choné. São estes chonés que andam à precisamente trinta anos a votar nos mesmos. Assim se compreende a razão pela qual os partidos tem sempre os mesmos votos, estou a falar dos mínimos, os chamados votos fiéis. Exemplo do atrás exposto será, que quando o Partido dito Socialista desaparecer (nunca esteve tão perto disso) haverá nas Assembleias de voto 'escarcéus' iniciados por chonés que reclamarão pelo facto de o P.S. não estar nos boletins de voto. Os estúpidos ignorarão o facto de o P.S. já não existir, por isso é que são estúpidos. Dos quatro portugueses o 2º será o Cretino. Estes, estão em todo o lado, desde as Finanças, sistema de Saúde, Educação, Autarquias, Justiça e profissões liberais como Advogados, Solicitadores, Engenheiros, Doutores, Analistas Económicos, Politica, Comentadores, etc. Normalmente ocupam lugares de chefia quando se trata da Função Pública, estão muito atentos às sondagens e mudam constantemente de cor. São os Vira-casacas e exercem uma pressão diabólica sobre os seus 'sub-alternos' ameaçando-os com o desemprego: "cuidado se o Partido ... não ganhar vamos todos embora" e "isto nunca esteve tão mau vamos ter de reduzir efectivos  se o ... não ganhar as eleições". São muito inteligentes e usam a persuasão sobre os 'inferiores' (por isso é que são inferiores) e como quem tem Cu tem Medo está encontrada a explicação pela qual quer o P.S. quer o P.S.D. partilham o poder nestes últimos trinta ou quarenta anos. O terceiro 'portuga' é o lírico. Este distribui os seus votos de acordo com o que está mais "in" se bem que a maioria não saiba interpretar o "in", pensando que se trata  de um personagem do Peso-Leve. Ora votam no mais Alegre ou no mais triste só porque é Nobre, ou votam naquele partido que promete que as cegonhas vão ter ninho com ar condicionado, ou naquele que tem aquela menina que fala muito bem mas não diz nada, etc. Estes com os anteriores contribuem para que haja ou não maiorias absolutas, nunca sabem o que querem e as palavras do Sr. Doutor, do Sr. Prior ou do Sr. Marcelo são palavras sábias.O último dos quatro faz parte da grande abstenção. É raro votar, mesmo que alguém esteja a falar verdade ele não acredita e contribui para esta dessincronização total em que se transformou esta nação.




A concluir só nos resta uma ténue esperança, que seja publicada uma lei que proíba os mortos de votarem (ficaríamos livres dos Passos do Cavaco), que os chonés sejam todos internados (ficaríamos livres das Portas e do autor deste blogue), que os líricos sejam tratados de maneira que quando pensarem em votar nas cegonhas ou nos marsupiais sofram a síndrome do suicídio e que os abstencionistas votem em massa para que sejam outros a Mamarem.
Viva Portugal!

19 de julho de 2011

BANCARROTA OU DEMOCRACIA

NÃO É POSSÍVEL QUE AS POLÍTICAS IMPOSTAS À GRÉCIA, À IRLANDA E A PORTUGAL REDUZAM O PESO DAS SUAS DÍVIDAS.

   Não será surpresa, para os participantes numa conferência a que assisti recentemente, que o pacote de resgate para a Grécia, aprovado há um ano, não tenha solucionado os problemas da dívida do país. Organizado pela sociedade civil grega, aquele evento lançou um apelo a que a Grécia, e agora a Irlanda, abram uma discussão pública sobre a dívida e sobre a verdadeira equidade e legitimidade desta. Activistas do Brasil, Peru, Filipinas, Marrocos e Argentina disseram aos activistas gregos para se manterem firmes e não embarcarem numa devastadora recessão de 30 anos, por imposição de instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional. O crescente movimento europeu de oposição aos pagamentos da dívida e à austeridade está a estabelecer ligações concretas com grupos do SUL, a nível mundial, e denota uma confiança e uma racionalidade que estão a quilómetros de distância das demonstradas pelos governos da Grécia e da Irlanda, que, para poderem pagar aos banqueiros irresponsáveis, adoptaram políticas que estão a castigar a população em geral.
    Não é possível que as políticas impostas à Grécia, à Irlanda e a Portugal reduzam o peso da dívida desses países: vai acontecer exactamente o oposto, como ficou demonstrado na Zâmbia, nos anos 1980, e na Argentina, no início da última década. Na Zâmbia, políticas semelhantes levaram a um aumento para o dobro do rácio entre a divida e o PIB, porque a economia regrediu. Em 2001, a Argentina entrou em incumprimento das dívidas, apôs três anos de recessão provocada pelas políticas do FMI. Tal como acontece com a Irlanda, foi dito à Argentina que tinha andado a brincar, embora a dívida tivesse disparado em consequência de um conjunto desastroso de privatizações e de uma paridade cambial imposta pelo FMI. Um mês depois da entrada em incumprimento, a economia começou a recuperar.
Porque se continua a aplicar aquelas políticas? Sabia-se que os pacotes de “resgate” não iriam tornar sustentáveis as dívidas da Grécia e da Irlanda. Os delegados à conferência de Atenas foram claros: o que importa é recuperar o máximo possível de dinheiro dos investidores, independentemente de esses investidores serem ou não responsáveis pela crise, e transferir a responsabilidade para a sociedade.
    Ainda que Grécia e Irlanda necessitem de um reforço ou de uma reestruturação do pacote de resgate, através de algum tipo de obrigações as mesmas medidas que foram impostas na América Latina na década de oitenta do século passado e que criaram níveis de divida de tal forma elevados de que ainda hoje estão a sofrer as consequências —, os investidores privados serão ressarcidos. A discussão acerca de quem vai arcar com a maior parte da conta trava-se agora entre as populações alemã e grega, criando um nacionalismo perigoso que já é evidente.
O comissário europeu para os Assuntos Económicos, Olli Rehn, tem dito aos governos que estes assuntos devem ser tratados com discrição o debate público é desencorajado. Aqueles que, na prática, estão a pagar o preço da austeridade discordam, e os activistas da Grécia e da Irlanda afirmam que o primeiro passo para uma solução justa deve ser uma auditoria à dívida, tendo por modelo as que foram efectuadas em países em desenvolvimento como o Equador. A auditoria daria aos europeus a informação necessária para fundamentar decisões verdadeiramente democráticas. Como disse a deputada grega Sofia Sakorafa, que se recusou a assinar o acordo sobre o resgate e abandonou o partido governamental PASOK, “a resposta à tirania, à opressão, à violência e à crueldade é o conhecimento”. Andy Storey, do grupo irlandês Afri, disse que uma auditoria visa “desmascarar o sistema financeiro, que controla a economia”. Os activistas acreditam que uma auditoria à dívida pode ser o início de uma nova forma de pensar a economia. Como diz Sofia Sakorafa, uma auditoria é o início da recuperação de valores e de uma visão que mostre que, “para além dos jogos de mercado especulativos, há conceitos mais valiosos há pessoas, história, cultura e há decência”.
Esse rejuvenescimento da visão política é crucial para que a crise não venha a causar empobrecimento e a acicatar a hostilidade entre europeus. Recentemente, o economista irlandês Morgan KelIy afirmou que o seu país estava a caminho da bancarrota. Na Grécia, está-se a perder mil empregos por dia e a taxa de suicídios duplicou. O pacote de “resgate” para Portugal, de 78 mil milhões de euros, terá um impacto semelhante. Em todos estes países há uma intensa corrente de emigrantes, que partem em busca de melhores oportunidades. Nenhuma indemnização poderá reparar os estragos que estas políticas vão causar na sociedade. Terá de haver um movimento para compensar a falta de visão dos nossos dirigentes. Sentimos que esse movimento poderá ter nascido em Atenas. 

     Nick Dearden – Director da Jubilee Debt Campaign, que exige que os países ricos perdoem as dívidas dos países pobres.  
Em: COURRIERinternacional  Julho 2011

13 de julho de 2011

Que tipo de Facebooker é você?

Há quem apoie uma causa, quem ande na lavoura o dia todo e quem se dedique a angariar mais amigos. E há quem faça tudo isto. Qual é a sua ‘onda’ preferida?
   Como é que começa um dia típico no Facebook? Põe lá uma canção, para animar. Compra mais um celeiro. Faz um teste para saber o que é que vai acontecer nos próximos dez anos (AHHHHH! Mendigo?!) Discute a política de Sócrates com um amigo. Apresenta mais uma fotografia do Sócrates a correr atrás da gata da vizinha (não é esse, é o seu gato). Manda 30 coraçõezinhos a amigos do peito. Não manda nada porque é contra. Contra quem? Contra todos!
Há de tudo no Facebook, mas nem sempre pertencemos só a um grupo. Há quem seja musical e do contra. Há quem seja latifundiário e familiar. Há quem seja tudo ao mesmo tempo. Prontos para saberem?

    O Semanário Expresso recupera nesta edição, 9 de Julho de 2011, um artigo que em tempos (2009) a Revista ACTIVA (do mesmo grupo) publicou com o título "Que tipo de facebooker é?". Embora o artigo não seja uma 'cópia' do anteriormente publicado, parte do mesmo princípio, "Que tipo de..." mas desta vez com a colaboração de dois 'estudiosos das redes sociais'. É salutar podermos confrontar-mo-nos com a nossa imagem reflectida no espelho lá de casa.
    Perante a interrogação:
- Espelho meu, espelho meu, diz-me se há alguém mais estúpido que eu?
- Todos, todos são mais estúpidos que tu.
    Desnecessário será dizer que o dito espelho é como o algodão; nunca engana. Como não estou com paciência para aturar os gajos do grupo 'Impresa' sobre direitos de Autor, destaco apenas o artigo da Revista Activa e recomendo a leitura do Expresso de 9.07.2011. Fica a promessa que voltarei ao assunto.


  Os Apoiantes
São contra várias coisas: as touradas, o bloqueio em Cuba, o apedrejamento das afegãs, a criminalização da homossexualidade, os animais maltratados, o uso de cães como isco vivo para tubarões ou a prisão de variados mártires à volta do mundo. Querem salvar as crianças dos pedófilos, os touros dos toureiros, as mulheres dos homens, e as empregadas da Carolina Patrocínio. Também são a favor de várias coisas, mas o que lhes faz mesmo bater o coração é ser contra.

  Os Latifundiários
São IMENSOS! Aliás, quase toda a gente que está no Facebook tem uma quinta, e quem ainda não se converteu à reforma agrária é melgado incessantemente por todos os lados para se tornar no próximo vizinho. Quinta mais pequena ou maior, depende da dedicação e empenho do lavrador, e também da quantidade de 'vizinhos' dispostos a oferecer-lhes carneiros, galinhas e porcos. Enquanto os Apoiantes são uma comunidade solta, que nem sempre angariam muitos sócios para as suas causas, os Lavradores são solidários, até porque precisam uns dos outros. Ajudam-se uns aos outros desde a apanha do mirtilo (apostamos que a maioria deles nunca viu um mirtilo no seu estado natural) até à construção de um novo poço. Desunham-se a trabalhar para comprar tractores, flamingos e mega-morangos. Passam a vida a receber medalhas e prémios de 'Melhor Lavrador à Face da Terra'. Também se fartam de acolher variados animais tresmalhados: "Uma pobre ovelha negra perdida veio parar ao celeiro de José..." Há quem já deva ter em casa exércitos de pobres ovelhas negras perdidas. Não é que não pertençam a outros grupos: até podem ser imensamente dedicados a Cuba, mandar 340 beijinhos à Lindinha e apoiar a causa das gerberas amarelas, mas não há nada como um tractor pronto a estrear. Também há os que têm aquários e os que pertencem à Máfia, mas nada que se compare ao imenso ajuntamento de lavradores.

  Os Alarmistas
Vivem em permanente teoria da conspiração. Postam todos os avisos à comunidade, desde o Manual com as 356 Diferenças entre a Gripe A e a Outra até àqueles avisos que dizem que se formos passear a um centro comercial com a família de um momento para o outro podem-nos chegar clorofórmio ao nariz, arrastam-nos para a casa de banho das senhoras e nunca mais ninguém sabe de nós, ou que entramos numa loja dos chineses, vamos lá ao fundo examinar as chaves de fendas em plástico de Taiwan e acordamos três dias depois em Dubrovnik sem um rim. Frases preferidas: "Sabiam que Andorra só tem um caso de gripe A?" e "Acabam de nos mandar um mail sobre a gripe, parece que em caso de espirro temos de avisar primeiro os Recursos Humanos e depois é que ligamos para a Saúde 24...", "Ah, e as Seychelles também só tem três".

  Os Ziriguidunzinhos
Têm um coração de ouro. Aliás, têm corações de várias espécies e feitios: de ouro, de veludo, de chocolate, com apliques, sem apliques, e mandam-nos a amigos e conhecidos sem dó nem piedade. Aliás, não mandam só corações: mandam tudo o que encontram pela frente, acompanhado de mensagens ternas:"Olá amiguinha, bom dia! Olá Luisinho, bom dia para ti também! Ó kiducha, começaste bem o fim de semana? Ó fofinho, tás pprado p mais uma manhã de trabalho? Ora toma lá um coraçãozinho! Um smile! Um vodka-limão! Uma galleta! Um chocolate! Um bombonzinho com mensagem em italiano! Um malmequer! Uma caixa de música! Põe-me a tocar, põe! Maria has sent you a warm hug! Sim sim! Mais abracinhos, que hoje acordei muito em baixo! Mais hugs, e kisses, e taças de champanhe, e presente por presente, já que não se paga nada, para que estamos com subtilezas, até há quem ofereça O MUNDO INTEIRO! Depois disto, que mais se pode oferecer? Há quem acumule beijinho atrás de beijinho como se não houvesse prá semana, há quem (Alice has just achieved 400 hearts!) seja um verdadeiro latifundiário do coração. Uuuuff!

  Os Testas-de-Ferro
Estes são os fanáticos dos testes. 'Inda' não têm um sindicato como os do Farmville, mas para lá caminham. Geralmente, não se sabe bem como, a coisa funciona em cadeia: se alguém decide saber 'Que tipo de Bolo do Natal seria você' vai toda a gente atrás. Geralmente também, costuma dar a mesma coisa a toda a gente, ou haver pelo menos dois resultados 'obtíveis'. Há testes em inglês, em francês, em espanhol, e até em sueco, para quem estiver apostado em apurar a parte direita do cérebro. Graças aos testes, descobrem coisas fantásticas todos os dias: se há fantasmas lá em casa, que tipo de gato são, que tipo de estrela de cinema, de realizador, de maluco, de sociopata, de doença, de disfunção social, de série com médicos. Qual é o número que os representa, a invenção portuguesa que mais se lhes assemelha, a diva que levam dentro (pronto, este era em espanhol). A coisa pode ser levada a níveis intensos de esquizofrenia: é possível fazer um teste em sueco para descobrir que tipo de turco se é. Quem começar a ficar preocupado com o imparável galopar do vício, tem à sua disposição testes sobre... os testes! 'Qu'est-ce qui te pousse à faire tous ces testes débiles ?' Boa pergunta, de facto...

Catarina Fonseca, Revista ACTIVA


                                                                    

11 de julho de 2011

"As farmacêuticas bloqueiam medicamentos que curam, porque não são rentáveis"

O Prémio Nobel da Medicina Richard J. Roberts denuncia a forma como funcionam as grandes farmacêuticas dentro do sistema capitalista, preferindo os benefícios económicos à saúde, e detendo o progresso científico na cura de doenças, porque a cura não é tão rentável quanto a cronicidade.

Há poucos dias, foi revelado que as grandes empresas farmacêuticas dos EUA gastam centenas de milhões de dólares por ano em pagamentos a médicos que promovam os seus medicamentos. Para complementar, reproduzimos esta entrevista com o Prémio Nobel Richard J. Roberts, que diz que os medicamentos que curam não são rentáveis e, portanto, não são desenvolvidos por empresas farmacêuticas que, em troca, desenvolvem medicamentos cronificadores que sejam consumidos de forma serializada. Isto, diz Roberts, faz também com que alguns medicamentos que poderiam curar uma doença não sejam investigados. E pergunta-se até que ponto é válido e ético que a indústria da saúde se reja pelos mesmos valores e princípios que o mercado capitalista, que chega a assemelhar-se ao da máfia.


             Richard J. Roberts: "É habitual que as farmacêuticas estejam interessadas em investigação não para curar,            mas sim para tornar crónicas as doenças com medicamentos cronificadores". Foto de Wally Hartshorn
A investigação pode ser planeada?
Se eu fosse Ministro da Saúde ou o responsável pelas Ciência e Tecnologia, iria procurar pessoas entusiastas com projectos interessantes; dar-lhes-ia dinheiro para que não tivessem de fazer outra coisa que não fosse investigar e deixá-los-ia trabalhar dez anos para que nos pudessem surpreender.

Parece uma boa política.
Acredita-se que, para ir muito longe, temos de apoiar a pesquisa básica, mas se quisermos resultados mais imediatos e lucrativos, devemos apostar na aplicada ...

E não é assim?
Muitas vezes as descobertas mais rentáveis foram feitas a partir de perguntas muito básicas. Assim nasceu a gigantesca e bilionária indústria de biotecnologia dos EUA, para a qual eu trabalho.

Como nasceu?
A biotecnologia surgiu quando pessoas apaixonadas começaram a perguntar-se se poderiam clonar genes e começaram a estudá-los e a tentar purificá-los.

Uma aventura.
Sim, mas ninguém esperava ficar rico com essas questões. Foi difícil conseguir financiamento para investigar as respostas, até que Nixon lançou a guerra contra o cancro em 1971.


Foi cientificamente produtivo?
Permitiu, com uma enorme quantidade de fundos públicos, muita investigação, como a minha, que não trabalha directamente contra o cancro, mas que foi útil para compreender os mecanismos que permitem a vida.

O que descobriu?
Eu e o Phillip Allen Sharp fomos recompensados pela descoberta de introns no DNA eucariótico e o mecanismo de gen splicing (manipulação genética).

Para que serviu?
Essa descoberta ajudou a entender como funciona o DNA e, no entanto, tem apenas uma relação indirecta com o cancro.

Que modelo de investigação lhe parece mais eficaz, o norte-americano ou o europeu?
É óbvio que o dos EUA, em que o capital privado é activo, é muito mais eficiente. Tomemos por exemplo o progresso espectacular da indústria informática, em que o dinheiro privado financia a investigação básica e aplicada. Mas quanto à indústria de saúde... Eu tenho as minhas reservas.

Entendo.
A investigação sobre a saúde humana não pode depender apenas da sua rentabilidade. O que é bom para os dividendos das empresas nem sempre é bom para as pessoas.

Explique.
A indústria farmacêutica quer servir os mercados de capitais ...

Como qualquer outra indústria.
É que não é qualquer outra indústria: nós estamos a falar sobre a nossa saúde e as nossas vidas e as dos nossos filhos e as de milhões de seres humanos.

Mas se eles são rentáveis investigarão melhor.
Se só pensar em lucros, deixa de se preocupar com servir os seres humanos.

Por exemplo...
Eu verifiquei a forma como, em alguns casos, os investigadores dependentes de fundos privados descobriram medicamentos muito eficazes que teriam acabado completamente com uma doença ...

E por que pararam de investigar?
Porque as empresas farmacêuticas muitas vezes não estão tão interessadas em curar as pessoas como em sacar-lhes dinheiro e, por isso, a investigação, de repente, é desviada para a descoberta de medicamentos que não curam totalmente, mas que tornam crónica a doença e fazem sentir uma melhoria que desaparece quando se deixa de tomar a medicação.
É uma acusação grave.
Mas é habitual que as farmacêuticas estejam interessadas em linhas de investigação não para curar, mas sim para tornar crónicas as doenças com medicamentos cronificadores muito mais rentáveis que os que curam de uma vez por todas. E não tem de fazer mais que seguir a análise financeira da indústria farmacêutica para comprovar o que eu digo.

Há dividendos que matam.
É por isso que lhe dizia que a saúde não pode ser um mercado nem pode ser vista apenas como um meio para ganhar dinheiro. E, por isso, acho que o modelo europeu misto de capitais públicos e privados dificulta esse tipo de abusos.

Um exemplo de tais abusos?
Deixou de se investigar antibióticos por serem demasiado eficazes e curarem completamente. Como não se têm desenvolvido novos antibióticos, os microorganismos infecciosos tornaram-se resistentes e hoje a tuberculose, que foi derrotada na minha infância, está a surgir novamente e, no ano passado, matou um milhão de pessoas.

Não fala sobre o Terceiro Mundo?
Esse é outro capítulo triste: quase não se investigam as doenças do Terceiro Mundo, porque os medicamentos que as combateriam não seriam rentáveis. Mas eu estou a falar sobre o nosso Primeiro Mundo: o medicamento que cura tudo não é rentável e, portanto, não é investigado.

Os políticos não intervêm?
Não tenho ilusões: no nosso sistema, os políticos são meros funcionários dos grandes capitais, que investem o que for preciso para que os seus boys sejam eleitos e, se não forem, compram os eleitos.

Há de tudo.
Ao capital só interessa multiplicar-se. Quase todos os políticos, e eu sei do que falo, dependem descaradamente dessas multinacionais farmacêuticas que financiam as campanhas deles. O resto são palavras…

18 de Junho, 2011
Publicado originalmente no La Vanguardia. Retirado de Outra Política
Tradução de Ana Bárbara Pedrosa para o Esquerda.net

Não é demais relembrar:
  Patentes atentam contra disponibilidade de remédios

8 de julho de 2011

GUILHOTINA COM ELAS

Acabar com as agências de rating                          

Como nas arenas romanas, em que o imperador com um simples gesto podia condenar à morte um gladiador, as agência de rating fazem o mesmo com os países que elas notam.
Quem são essas agências que dispõem do poder de vida ou de morte sobre uma nação?

Como já foi abordado neste blogue, existem três agências de rating americanas que dominam 95% do sector: a Standard & Poor's, a Moody's e a Fitch. Apesar de não fazerem grande alarido, estas agências não escondem que trabalham de mão dada com Wall Street e a City.

Quem controla as agências de rating?

Moody's:
O accionista principal é Berkshire Hathaway que pertence a um dos maiores especuladores da história, Warren Buffet e ao conhecido Bill Gates.

Fitch:
Pertence à francesa Fimalac (Financière Marc Ladreit de Lacharrière). No conselho de administração temos Philippe Lagayette de JP Morgan, David Dautresme de Lazard Frères e Henri Lachmann do grupo Schneider Electric.

Standards & Poor's:
É uma filial da empresa de "media" McGraw-Hill Companies de Nova Iorque. O homem forte é o seu vice-presidente inglês David Murphy, antigo patrão internacional dos recursos humanos da Ford Motor Company.
Uma das questões fundamentais é: porque é que Estados soberanos, Estados europeus, aceitam ser julgados, condenados e desestabilizados por três empresas privadas?
Porque é que empresas privadas podem impor as suas leis a estados soberanos?
Porque é que não se passa nada? 
Porque é que nem os Estados, nem a Europa se mexem?

A resposta é: porque a ganância tornou-se a regra que rege a banca e todo o sector financeiro, porque são eles que destroem as instituições democráticas para nelas colocar uma "oligarquia", isto é, o poder controlado por meia dúzia de pessoas. Uma oligarquia da riqueza, uma oligarquia ao serviço da riqueza.

Esta construção perversa tem a ajuda daqueles que julgamos serem os nossos representantes eleitos democraticamente, mas que na realidade são colocados no poder por organismo elitistas como o clube de Bilderberg. São também eles que dominam as grandes instituições não-eleitas que nos governam: Comissão Europeia, FMI ou Banco Central Europeu.
Mas chega um tempo em que demais é demais! Chega um tempo em que é preciso dizer basta! 

Por isso, é urgente levar a cabo o combate do direito, o combate da verdadeira democracia, o combate da ética, para combater e regulamentar os comportamentos dessa oligarquia constituída pela finança internacional, os bancos, as grandes empresas multinacionais e os políticos que as sustentam.

Enquanto o nosso sistema jurídico, apesar das limitações, o permite, um processo deve ser instaurado contra as agência de rating. Para isso, quatro docentes universitários - José Reis e José Manuel Pureza, da Universidade de Coimbra, e Manuel Brandão Alves e Maria Manuela Silva, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) - pediram um inquérito à Procuradoria-Geral da República (PGR), denunciando as três agências de crime de manipulação de mercado. A iniciativa é inédita em Portugal, mas já existem outros exemplos concretos.

Existe igualmente uma Petição entregue na Procuradoria-Geral da República (PGR)
Os signatários da Petição propõem assim que do inquérito realizado se possa apurar:
a) a prática dos actos abusivos que são imputados às Denunciadas;
b) a existência de graves prejuízos produzidos nos interesses do Estado e do povo Português;
c) a identificação dos quadros directivos das ditas agências e os autores dos actos objecto desta denúncia, além das pessoas já indicadas;
d) se os benefícios obtidos pelas agências denunciadas e seus clientes foram de notória importância;
e) quais os contratos celebrados a partir de 1 de Janeiro de 2010 com as entidades participantes no mercado da dívida pública portuguesa;
f) todas as comunicações internas respeitantes às classificações referentes a Portugal, a partir de 1 de Janeiro de 2010.


Por: OCTOPUS
                                                       

ROMA NÃO PAGA A TRAIDORES

Não é a primeira vez (creio não ser a última) que destaco o que o Jornalista José Gomes Ferreira diz nos seus comentários sobre economia. Era importante que alguns Srs. como Durão Barroso e outros, se não estão ao serviço de 'Roma' (leia-se América), que o escutassem e tomassem medidas (duvido que o façam), e que não se esqueçam da História de Portugal, quando do assassínio de Viriato por traidores portugueses, «Roma não paga a traidores».


5 de julho de 2011

"Χρεοκρατία" (Dividocracia), em Português

Na Internet, toda a gente fala do documentário sobre a crise grega preparado pelos jornalistas Katerina Kitidi e Aris Hatzistefanou e que tem por título "Debtocracy". Rodado com dinheiro próprio e com donativos de alguns amigos, o filme tem exibição gratuita em http://www.debtocracy.gr. Em menos de dez dias, foi visto por 600 mil utilizadores. Todos os dias, defensores e adversários do documentário apresentam os respectivos pontos de vista no Facebook, no Twitter e em blogues.

Os principais actores do documentário (cerca de 200 pessoas) assinam um pedido de criação de uma comissão internacional de auditoria, que teria por missão especificar os motivos da acumulação da dívida soberana e condenar os responsáveis. No caso vertente, a Grécia tem direito a recusar o reembolso da sua "dívida injustificada", ou seja, da dívida criada através de actos de corrupção contra o interesse da sociedade.

"Debtocracy" é uma acção política. Apresenta um ponto de vista sobre a análise dos acontecimentos que arrastaram a Grécia para uma situação preocupante. As opiniões vão todas no mesmo sentido, sem contraponto. Foi essa a opção dos autores, que apresentam a sua maneira de ver as coisas, logo nos primeiros minutos: "Em cerca de 40 anos, dois partidos, três famílias políticas e alguns grandes patrões levaram a Grécia à falência. Deixaram de pagar aos cidadãos para salvar os credores".
Os "cúmplices" da falência perderam o direito à palavra.

Os autores do documentário não dão a palavra àqueles que consideram "cúmplices" da falência. Os primeiros-ministros e ministros das Finanças gregos dos últimos dez anos são apresentados como elos de uma cadeia de cúmplices que arrastaram o país para o abismo.

O director-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, que se apresentou aos gregos como o médico do país, é comparado ao ditador Georges Papadopoulos [primeiro-ministro sob o regime dos coronéis, de 1967 a 1974]. O paralelo é estabelecido com uma facilidade notável desde o início do documentário mas não é dado ao personagem relevante (DSK) o direito a usar da palavra.

À pergunta "Porque não fazer intervir as pessoas apontadas a dedo", um dos autores, Kateina Kitidi, responde que se trata de "uma pergunta que deve ser feita a muitos órgãos de comunicação que, nos últimos tempos, difundem permanentemente um único ponto de vista sobre a situação. Nós consideramos que estamos a apresentar uma abordagem diferente, que faz falta há muito tempo". O público garante a independência do filme.

Para o seu colega Aris Hatzistefanou, o que conta é a independência do documentário. "Não tínhamos outra hipótese", explica. "Para evitar as limitações quanto ao conteúdo do filme, que as empresas [de produção], as instituições ou os partidos teriam imposto, apelámos ao público para garantir as despesas de produção. Portanto, o documentário pertence aos nossos 'produtores associados', que fizeram donativos na Internet e é por isso que não há problemas de direitos. De qualquer modo, o nosso objectivo é difundi-lo o mais amplamente possível."

O documentário utiliza os exemplos do Equador e da Argentina para suportar o argumento segundo o qual o relatório de uma comissão de auditoria pode ser utilizado como instrumento de negociação, para eliminar uma parte da dívida e do congelamento dos salários e pensões de reforma.

"Tentamos pegar em exemplos de países como a Argentina e o Equador, que disseram não ao FMI e aos credores estrangeiros que, ainda que parcialmente, puseram de joelhos os cidadãos. Para tal, falámos com as pessoas que realizaram uma auditoria no Equador e provaram que uma grande parte da dívida era ilegal", acrescenta Katerina Kitidi. Contudo, "Debtocracy" evita sublinhar algumas diferenças de peso e evidentes entre o Equador e a Grécia. Entre elas, o facto de o Equador ter petróleo.





Fonte original do vídeo:
http://www.debtocracy.gr

Fonte da matéria utilizada para esta descrição:
http://www.presseurop.eu/pt/content/article/618481-debtocracy-o-julgamento-da...    
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