13 de julho de 2011

Que tipo de Facebooker é você?

Há quem apoie uma causa, quem ande na lavoura o dia todo e quem se dedique a angariar mais amigos. E há quem faça tudo isto. Qual é a sua ‘onda’ preferida?
   Como é que começa um dia típico no Facebook? Põe lá uma canção, para animar. Compra mais um celeiro. Faz um teste para saber o que é que vai acontecer nos próximos dez anos (AHHHHH! Mendigo?!) Discute a política de Sócrates com um amigo. Apresenta mais uma fotografia do Sócrates a correr atrás da gata da vizinha (não é esse, é o seu gato). Manda 30 coraçõezinhos a amigos do peito. Não manda nada porque é contra. Contra quem? Contra todos!
Há de tudo no Facebook, mas nem sempre pertencemos só a um grupo. Há quem seja musical e do contra. Há quem seja latifundiário e familiar. Há quem seja tudo ao mesmo tempo. Prontos para saberem?

    O Semanário Expresso recupera nesta edição, 9 de Julho de 2011, um artigo que em tempos (2009) a Revista ACTIVA (do mesmo grupo) publicou com o título "Que tipo de facebooker é?". Embora o artigo não seja uma 'cópia' do anteriormente publicado, parte do mesmo princípio, "Que tipo de..." mas desta vez com a colaboração de dois 'estudiosos das redes sociais'. É salutar podermos confrontar-mo-nos com a nossa imagem reflectida no espelho lá de casa.
    Perante a interrogação:
- Espelho meu, espelho meu, diz-me se há alguém mais estúpido que eu?
- Todos, todos são mais estúpidos que tu.
    Desnecessário será dizer que o dito espelho é como o algodão; nunca engana. Como não estou com paciência para aturar os gajos do grupo 'Impresa' sobre direitos de Autor, destaco apenas o artigo da Revista Activa e recomendo a leitura do Expresso de 9.07.2011. Fica a promessa que voltarei ao assunto.


  Os Apoiantes
São contra várias coisas: as touradas, o bloqueio em Cuba, o apedrejamento das afegãs, a criminalização da homossexualidade, os animais maltratados, o uso de cães como isco vivo para tubarões ou a prisão de variados mártires à volta do mundo. Querem salvar as crianças dos pedófilos, os touros dos toureiros, as mulheres dos homens, e as empregadas da Carolina Patrocínio. Também são a favor de várias coisas, mas o que lhes faz mesmo bater o coração é ser contra.

  Os Latifundiários
São IMENSOS! Aliás, quase toda a gente que está no Facebook tem uma quinta, e quem ainda não se converteu à reforma agrária é melgado incessantemente por todos os lados para se tornar no próximo vizinho. Quinta mais pequena ou maior, depende da dedicação e empenho do lavrador, e também da quantidade de 'vizinhos' dispostos a oferecer-lhes carneiros, galinhas e porcos. Enquanto os Apoiantes são uma comunidade solta, que nem sempre angariam muitos sócios para as suas causas, os Lavradores são solidários, até porque precisam uns dos outros. Ajudam-se uns aos outros desde a apanha do mirtilo (apostamos que a maioria deles nunca viu um mirtilo no seu estado natural) até à construção de um novo poço. Desunham-se a trabalhar para comprar tractores, flamingos e mega-morangos. Passam a vida a receber medalhas e prémios de 'Melhor Lavrador à Face da Terra'. Também se fartam de acolher variados animais tresmalhados: "Uma pobre ovelha negra perdida veio parar ao celeiro de José..." Há quem já deva ter em casa exércitos de pobres ovelhas negras perdidas. Não é que não pertençam a outros grupos: até podem ser imensamente dedicados a Cuba, mandar 340 beijinhos à Lindinha e apoiar a causa das gerberas amarelas, mas não há nada como um tractor pronto a estrear. Também há os que têm aquários e os que pertencem à Máfia, mas nada que se compare ao imenso ajuntamento de lavradores.

  Os Alarmistas
Vivem em permanente teoria da conspiração. Postam todos os avisos à comunidade, desde o Manual com as 356 Diferenças entre a Gripe A e a Outra até àqueles avisos que dizem que se formos passear a um centro comercial com a família de um momento para o outro podem-nos chegar clorofórmio ao nariz, arrastam-nos para a casa de banho das senhoras e nunca mais ninguém sabe de nós, ou que entramos numa loja dos chineses, vamos lá ao fundo examinar as chaves de fendas em plástico de Taiwan e acordamos três dias depois em Dubrovnik sem um rim. Frases preferidas: "Sabiam que Andorra só tem um caso de gripe A?" e "Acabam de nos mandar um mail sobre a gripe, parece que em caso de espirro temos de avisar primeiro os Recursos Humanos e depois é que ligamos para a Saúde 24...", "Ah, e as Seychelles também só tem três".

  Os Ziriguidunzinhos
Têm um coração de ouro. Aliás, têm corações de várias espécies e feitios: de ouro, de veludo, de chocolate, com apliques, sem apliques, e mandam-nos a amigos e conhecidos sem dó nem piedade. Aliás, não mandam só corações: mandam tudo o que encontram pela frente, acompanhado de mensagens ternas:"Olá amiguinha, bom dia! Olá Luisinho, bom dia para ti também! Ó kiducha, começaste bem o fim de semana? Ó fofinho, tás pprado p mais uma manhã de trabalho? Ora toma lá um coraçãozinho! Um smile! Um vodka-limão! Uma galleta! Um chocolate! Um bombonzinho com mensagem em italiano! Um malmequer! Uma caixa de música! Põe-me a tocar, põe! Maria has sent you a warm hug! Sim sim! Mais abracinhos, que hoje acordei muito em baixo! Mais hugs, e kisses, e taças de champanhe, e presente por presente, já que não se paga nada, para que estamos com subtilezas, até há quem ofereça O MUNDO INTEIRO! Depois disto, que mais se pode oferecer? Há quem acumule beijinho atrás de beijinho como se não houvesse prá semana, há quem (Alice has just achieved 400 hearts!) seja um verdadeiro latifundiário do coração. Uuuuff!

  Os Testas-de-Ferro
Estes são os fanáticos dos testes. 'Inda' não têm um sindicato como os do Farmville, mas para lá caminham. Geralmente, não se sabe bem como, a coisa funciona em cadeia: se alguém decide saber 'Que tipo de Bolo do Natal seria você' vai toda a gente atrás. Geralmente também, costuma dar a mesma coisa a toda a gente, ou haver pelo menos dois resultados 'obtíveis'. Há testes em inglês, em francês, em espanhol, e até em sueco, para quem estiver apostado em apurar a parte direita do cérebro. Graças aos testes, descobrem coisas fantásticas todos os dias: se há fantasmas lá em casa, que tipo de gato são, que tipo de estrela de cinema, de realizador, de maluco, de sociopata, de doença, de disfunção social, de série com médicos. Qual é o número que os representa, a invenção portuguesa que mais se lhes assemelha, a diva que levam dentro (pronto, este era em espanhol). A coisa pode ser levada a níveis intensos de esquizofrenia: é possível fazer um teste em sueco para descobrir que tipo de turco se é. Quem começar a ficar preocupado com o imparável galopar do vício, tem à sua disposição testes sobre... os testes! 'Qu'est-ce qui te pousse à faire tous ces testes débiles ?' Boa pergunta, de facto...

Catarina Fonseca, Revista ACTIVA


                                                                    

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