31 de janeiro de 2010

Aumentam bebés chorões que gritam até 12h por dia

O 'stress' dos pais está a tornar os filhos coléricos. E já há cursos em Portugal para aprender a lidar com a situação.

Há bebés que choram durante horas seguidas até a exaustão. São chamados de bebés coléricos e são cada vez mais comuns, garante a psicóloga e terapeuta familiar Cláudia Pires de Lima. O stress dos pais é uma das explicações para este aumento.
"São capazes de chorar a maior parte do dia. Há casos em que choram mais de doze horas, o que é exaustivo não só para o bebé, mas também para os pais", diz a clínica.
Ao fim de um tempo a chorar, a respiração acelera, o corpo fica rígido e este mal-estar físico é mais uma razão para o choro se prolongar durante horas.

Segundo a terapeuta, quando são confrontados com esta situação, os pais passam por um "período de susto".
O primeiro passo é procurar o pediatra para garantir que o bebé não está doente. No entanto, Cláudia Pires de Lima, diz que o problema do choro compulsivo dos mais pequenos ainda é muitas vezes desvalorizado pelos médicos portugueses.
A verdade é que é uma das situações que mais leva os pais aos hospitais e consultórios: "O choro dos bebés é, de facto, uma das razões que leva mais pais às urgências e aos pediatras" confirma a enfermeira Marília Pereira, especialista em saúde materna.

E há bebés que choram sem razão aparente. "Embora a tendência seja para atribuir cólicas, não há realmente uma causa", conclui a profissional de saúde.

Provocado pela ansiedade
Factores como o stress estão por trás deste aumento, avança Cláudia Pires de Lima. "Por um lado, as mulheres trabalham até mais tarde na gestação e têm mais responsabilidades laborais.
Por outro, a chegada do bebé é um período de adaptação para a família". Cerca de 80% das mães e 15 % dos pais passam por um período de tristeza após o parto.
Assim, o bebé está rodeado de pessoas com muitos factores de ansiedade e isso acaba por ter consequências, defende. "Não estando nada de mal fisicamente, mas havendo esse mal-estar que se traduz no choro". É o truque, diz, é dar" apoio emocional. É isso que se aprende no curso de "Primeiros Socorros Emocionais, do qual Cláudia vai ser formadora.
O projecto foi iniciado na Alemanha, e que passa pela formação de técnicos para lidarem com bebés chorões. Este curso será dado , pela segunda vez, em Portugal já no mês de Fevereiro. "Tentamos dar atenção ao pai, à mãe e ao bebé individualmente e depois trabalhar na ligação entre eles", explica Cláudia Pires de Lima.

Alemanha tem 20% de chorões
A mentora do curso é a terapeuta alemã Paula Diederichs, que já abriu cinco centros para bebés coléricos na Alemanha, onde estima que os recém-nascidos com choros compulsivos e problemas do sono cheguem aos 20%. "A Paula conta-nos que muitas vezes chegam pais que lhe passam logo o bebé para o colo e pedem ajuda porque já nem conseguem ver a criança à frente", diz Cláudia Pires de Lima .

Nos EUA são "bebés sacudidos"
Nos EUA dá-se também muita atenção ao problema, uma vez que é uma das "causas" do síndrome do "bebé sacudido", ou seja, há muitos casos em que o desespero leva os pais a sacudirem a criança com alguma força provocando traumatismos.

"O objectivo do curso é formar os técnicos para que possam prestar apoio emocional a pais", diz a psicóloga e terapeuta, acrescentando que em Portugal esse apoio ainda é escasso depois do parto. A enfermeira Marília Pereira concorda: "O que muitas pessoas pensam que é instinto são aprendizagens que antigamente faziam parte da educação de todas as mulheres" ou que eram transmitidos pela família alargada.
Por isso, é natural que os casais acabem por se sentir um pouco sozinhos e desamparados com a chegada do bebé a casa.

 A Madalena ainda era apenas um plano na cabeça de Mário e da companheira quando decidiram fazer o curso de "Primeiros socorros emocionais". O objectivo era estarem preparados para tudo: até para um bebé chorão. Ao longo do ano e meio - as sessões era muito espaçadas - Mário Teixeira acabou por ver a namorada engravidar. "O curso foi muito bom para tirarmos dúvidas, por exemplo, sobre a sexualidade na gravidez, mas também para me adaptar à passagem de namorado para pai", conta. O curso deu-lhe outra visão sobre o choro do bebé, que tem sido importante para lidar com a filha, com oito meses. Madalena não é colérica, mas tem episódios complicados. "Houve um dia em que não parava de chorar. Passava do meu colo para o da mãe e nada funcionava. Depois a Paula Diederichs {formadora] pegou na bebé, embalou-a de forma especial e fez um som grave que a acalmou. Quinze minutos depois já dormia", lembra. Este tipo de exercícios que aprendeu no curso, incluindo massagem para bebés, tem sido precioso, conclui o pai.
in  Diário de Noticias 31.01.10

3 comentários:

T disse...

O meu filho chorava muito mas isso porque começou a ter cólicas desde cedo. Eu sempre fui muito tranquila, o problema eram mesmo as cólicas, valeu-me o Aero-OM!

Flor disse...

O meu filho chorava muito mas isso porque começou a ter cólicas desde cedo. Eu sempre fui muito tranquila, o problema eram mesmo as cólicas, valeu-me o Aero-OM!

Anónimo disse...

Obrigada por ter partilhado o meu artigo.
Grata
Claudia Pires de Lima
(claudiapiresdelima@gmail.com)

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