2 de janeiro de 2010

A Solidão Reinventada



Se a voz de uma mulher, contando histórias, tem o poder de pôr crianças neste mundo, é também verdade que uma criança tem o poder de dar vida às histórias. Diz-se que um homem enlouqueceria se não pudesse sonhar durante a noite. Do mesmo modo, se uma criança for impedida de entrar no imaginário, nunca aprenderá a enfrentar o real. A necessidade que a criança tem de histórias é tão fundamental como a sua necessidade de alimentos, e manifesta-se da mesma forma que a fome. Conta-me uma história, diz a criança. Conta-me uma história. Vá lá pai, conta-me uma história. O pai senta-se então e conta uma história ao filho. Ou então deita-se no escuro a seu lado, os dois na cama da criança, e começa a falar,  como se nada mais restasse no mundo além da sua voz, contando no escuro uma história ao filho. É muitas vezes um conto de fadas, ou uma história de aventuras. Mas muitas vezes não é mais que um puro salto no imaginário.


In A Solidão Reinventada, Paul Aster ( Bertrand Editora)

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